Pulseiras induzem ao sexo e preocupam escolas

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Pulseiras induzem ao sexo e preocupam escolas

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

As pulseiras colo­ridas de silicone que por anos foram usadas pelas meninas como artigo de combinação tornaram-se alerta nacional. O acessório recebeu significados e agora faz parte de um jogo, chama­do Snap, em que os atos vão de simples abraços a relações sexuais, incluindo sexo anal, oral e até exigências de posi­ções. A preocupação regional é que cresça o número de jovens participantes do jogo, já que alunos de 4ª série de algumas escolas de Laje­ado, com 9 anos de idade, aderiram à febre e sabem os significados.pulseiras

A brincadeira é uma das famosas “correntes de in­ternet” que foi difundida por jovens da Inglaterra. As regras dizem que cada cor representa um grau de intimidade entre duas pessoas. Quem estiver com a pulseira no braço deverá cumprir o ato atribuído a cor daquela que foi rompi­da, caso contrário o grupo poderá agredi-lo.

Um jovem lajeadense de 14 anos que estuda na 8ª série conta que a mania na região começou no verão, quando amigos voltaram das férias de outras cidades com a novidade. O rapaz afirma que começou a usar, porque achou interessante, quando viu outros meninos usando. Na escola onde estuda, o assunto é o significado das pulseiras, mas segundo ele só algumas são seguidas e apenas quando a menina quer. “Meu grupo de amigos nunca obrigou uma garota a fazer algum ato que não queria.” O estudante considera perigosa a brincadeira, quando segui­da à risca, porque envolve agressão física para quem não cumprir o ato. “Brinca quem quiser e usar a pulsei­ra”, lembra. Para o jovem os acessórios são moda e uma brincadeira de flerte entre os estudantes. Eles fazem trocas diárias de cores, quando um deles não possui alguma.

Conforme o promotor da Infância e Juventude, Nei­demar Fachinetto, perante a lei as escolas podem proibir as pulseiras, mas não é recomendado. Ele conta que o local de ensino deverá preservar a integridade física do aluno acima de tudo. “O ideal é aproveitar a moda e elaborar um tra­balho pedagógico sobre se­xualidade”, diz. Nos casos em que as cores exigem os extremos, Fachinetto alerta que a escola, assim como os pais devem coibir. “Não se deve tolerar isso no local que educa.” Ele afirma que não conhece as pulseiras e que ficou sabendo nesta semana pela própria filha que escutou o assunto na es­cola. Fachinetto, como pai, proibiu que os filhos usem o acessório e dá a dica para os demais responsáveis.

Município não sabia da gravidade das pulseiras

Após informada pela reportagem sobre a gravida­de do fato, a secretária de Educação, Rejane Ewald, disse que fará uma averiguação nas escolas muni­cipais para coibir o problema. Ela conta que alguns professores foram enganados pelos alunos que informaram que os significados das cores remetiam ao humor da pessoa e não a atos sexuais.

Rejane disse que na manhã de quarta-feira foi realizada uma reunião com todos os diretores das escolas municipais de Lajeado e nenhum deles ha­via apresentado qualquer relato sobre o problema.

De 4ª a 8ª série usam

As pulseiras viraram mania nas maiores escolas da região. Um comparativo feito em duas escolas particulares, uma de Lajeado e outra de Estrela, mostra que o uso desse novo adereço não tem idade. Na escola de Lajeado, a diretora Maria Elena Jacques notou a maior adesão em alunos de 4ª série. Segundo ela, a febre começou há duas semanas, quando um deles apresentou o produto para os demais. Maria diz que os estudantes não aplicam os significados, mas já sabem o teor deles. A escola não proibirá o uso das pulseiras, mas na próxima semana pretende conversar com todos os pais para que eles proíbam.

Na escola de Estrela, a dire­tora Andréa Desbessel notou o uso nas turmas de 8ª série. Ela conta que na segunda-feira todas as meninas que usavam as pulseiras foram chamadas na diretoria para uma conversa. Andréa diz que explicou o jogo às jovens e as mesmas tiraram os acessórios assustadas com os significados. “As meninas contam que não sabiam da brincadeira, mas se entendiam não imaginavam que os signi­ficados eram tão avançados”, diz a diretora. Essa escola tam­bém não está proibindo o uso, mas orienta e conversa com pais e alunos sobre o assunto. Professores estão atentos em sala de aula para notificarem qualquer reação.

Filha esclarece o assunto à mãe

Uma mãe lajeadense está apreensiva com a influência do modismo na infância. Na semana passada, sua filha de 7 anos pediu para comprar as pulseiras coloridas. Desconhecendo os seus significados, a mãe aceitou comprá-las com a filha.

Após alguns dias, a menina disse que não queria mais as pulseiras do “amor”, pois se elas arrebentassem teria que fazer coisas que não tem vontade de fazer. A res­ponsável conta que aos poucos a criança relatou tudo a ela e ao marido, “olhamos espantados para nossa filha”. A mãe relata que a família não assiste à novelas e a filmes com cenas inadequadas para crianças, apenas progra­mas censurados para 10 anos em um canal infantil na presença dos pais.

Foto Carine Krüger

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