Ao mesmo tempo em que a administração municipal comemora o crescimento da construção civil no município, em que a atual gestão apresenta uma média anual de 200 mil metros quadrados em novas construções, ambientalistas e profissionais da engenharia ambiental avisam dos perigos desse aumento, considerado por alguns como desordenado. Odorico Konrad, o professor da Univates e engenheiro ambiental, alerta para a falta de fiscalização e leis que inibam impactos ambientais mediante novas construções. Segundo ele, o fato de muitos prédios e residências estarem sendo construídas sob áreas inundáveis está prejudicando moradores de outros locais, que nunca haviam tido problema com inundações em dias de fortes chuvas. “Geralmente esses terrenos recebem aterros durante meses, passando a falsa impressão de que a água simplesmente sumiu, mas ela terá de aparecer em outro local”, argumenta, acrescentando que banhados e pequenos córregos servem como uma espécie de esponja, que absorve o excesso de água, devolvendo-a gradualmente de volta ao leito do rio. “Ao aterrarmos esses locais estaremos acabando com esse processo natural”, alerta.
Konrad explica de forma simples o fato. “Aterrou 100 metros cúbicos de água, serão os mesmos 100 metros cúbicos que invadirão o terreno de outra pessoa”, salienta. Segundo o ambientalista, o fato do terreno localizado em áreas inundáveis ser mais barato faz com que muitos construtores invistam neles e aceitem aterros diversos por algum tempo, para então iniciar construção em uma base mais alta, evitando que a água atinja os novos prédios e residências. “Trata-se de um investimento com bastante impacto ambiental e que visa só o lucro do investidor. O ideal seria não construir nada nestes locais”, observa. Odorico alerta para a responsabilidade do comprador no momento de adquirir um imóvel. Para ele, todos devem buscar saber se está ou não localizado em uma área de risco ou inundável.
Foto Rodrigo Martini