Diferente de outras legislaturas que conseguiram eleger até três deputados estaduais a região tem só dois representantes: Marquinhos Lang (DEM), vice-presidente da Assembleia Legislativa e Enio Bacci (PDT), deputado federal e ex-secretário estadual de Segurança Pública.
Para evitar que políticos de outras regiões diluam os votos regionais, uma campanha objetiva deixar de lado interesses políticos e partidários. Um adesivo começou a aparecer nos automóveis com uma mensagem que estimula os eleitores a votarem em candidatos do Vale do Taquari para deputado estadual e federal. A ideia partiu do advogado Flávio Ferri. “Temos bons nomes e necessitamos apostar neles”, salientou Ferri. Para justificar, cita o exemplo de 2006, quando 99% dos candidatos do estado receberam voto em Lajeado e apenas dois representantes da região foram eleitos. Ferri não entende por que candidatos de Uruguaiana, por exemplo, recebem votos em Lajeado. “Nas horas ruins esses políticos não aparecem para defender nossas necessidades.”
Ferri ressalta que hoje é possível eleger três deputados estaduais e dois federais, principalmente, porque possuímos mais de 200 mil eleitores. “Mesmo com 50% destes eleitores podemos eleger mais candidatos. Temos aqui bons nomes para concorrer”, observa, acrescentando que o Vale do Taquari não fica abaixo de nenhuma região em termos de estrutura. Outro detalhe citado por ele são os cargos de secretários e ministros. “Tivemos o Bacci por apenas 90 dias e ninguém da região mexeu uma palha para defendê-lo quando foi demitido”, lembra. Bacci denunciou o esquema fraudulento do Detran em que foi constado desvio de R$ 40 milhões dos cofres públicos e foi desempossado do cargo pelo governo de Yeda Crusius.
Entre os problemas surgidos pela falta de representatividade, Ferri cita a dificuldade de duplicar a BR-386 no trecho Estrela – Tabaí. “Quem está trabalhando forte é o Codevat, quando na verdade precisávamos de alguém lá dentro para defender nossos interesses”, diz.
Enio Bacci reclama de desprestígio com seu cargo
O pedetista Enio Bacci afirma que ouviu comentários sobre a falta de representatividade dos deputados eleitos, mas diz que estão se referindo à Assembleia Legislativa, em que tínhamos três deputados e hoje tem apenas um. “O Vale nunca teve um deputado federal até 1994, quando entrei para a câmara e consegui diversos benefícios para a região”, observa. Segundo ele, existe sim representatividade junto ao governo federal e cita como exemplo a vitória na primeira etapa da obra de duplicação da BR-386, e as recentes conquistas para o complemento desta. “Sou de Lajeado, tenho compromisso com o Vale. Basta de candidatos de fora tirarem votos daqui sem sequer conhecerem nossas necessidades”, reforça.
Sobre a campanha encabeçada por Flávio Ferri, Bacci acha positivo, porém deve ser espalhada por entidades sociais. “É válido lutar por nossos candidatos e teríamos mais força com o apoio das entidades como CDL e Acil”, opina. Ele lembra que em todas as eleições, candidatos de fora aparecem na nossa região, tirando votos dos representantes do Vale do Taquari. “Assim como Marquinhos Lang, que é o único deputado da região, podemos eleger outros e quem sabe conseguir uma secretaria no governo”, salienta. Bacci diz ser um defensor do voto distrital, no qual cada região elege só seus representantes. Para isso, acredita que é preciso pensar em força política da região e deixar como secundário a questão partidária. “Se for do meu partido melhor, mas se não, devemos apoiar os nossos candidatos, não importa”, afirma, acrescentando que é o único deputado da região que tem escritório político aberto há 15 anos para atender a comunidade.
Lang pede apoio aos locais
Segundo o deputado estadual e primeiro vice-presidente da Assembleia Legislativa, Marquinho Lang (DEM), a região tem condições de eleger quatro ou cinco deputados estaduais e três federais. “Mas para isso é preciso que as pessoas apostem nos conterrâneos. Em minhas campanhas sempre citava o candidato local, por mais que isso significasse perda de votos para minha legenda”, afi rma.
Para ele, quanto mais representantes, maior é a força política do Vale. “Nos pleitos que abrangem a região sempre fui e serei a favor e agora como vicepresidente terei mais força”, avisa. Se tudo der certo, Lang será presidente da assembléia por diversas vezes, pois o presidente atual deverá se ausentar bastante. “O presidente nunca toma nenhuma decisão sem falar com o vice antes. Isso é importante para a região.” O presidente atual da Assembléia é Giovani Cherini (PDT).
Presidente da Amvat cobra qualidade
Segundo o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), Paulo Cezar Khorlausch, a estrutura partidária mudou nos últimos dez anos. “A condição partidária não é o que era
e está relegada ao segundo plano. É mais importante apostar em pessoas da nossa região do que em gente de fora só por ser de um mesmo partido”, disse.
O prefeito ressalta que é válida a campanha de valorizar representantes locais, “mas isso não signifi ca que possa ser qualquer um”. Para ele, o candidato precisa ter conhecimento, representatividade e articulação política. “A comunidade precisa conhecê-lo e ele necessita saber a linha de pensamento de cada localidade da região”, enfatiza. O prefeito de Santa Clara do Sul salienta que embora o candidato tenha conhecimento e representatividade, não conseguirá apoio necessário sem articulação. “Fora do Vale ele precisa ser conhecido pelos colegas da assembleia ou da câmara. Deve ter visibilidade no Estado e em Brasília.” Conforme o presidente, a falta de representantes para a região é nociva. Khorlausch se diz constrangido ao falar sobre o apoio a possíveis candidatos de outras legendas. “Ainda não foi riscada defi nitivamente a minha pré-candidatura. Volta e meia sou cogitado, mas não quero puxar brasa para o meu assado”, fi naliza.
Comunidade desconhece os deputados da região
Jardel Rodrigues, mecânico:
“Não sei o nome de nenhum deputado, nem dos que votei, nem dos possíveis candidatos
para a próxima eleição”.
Jackeline Franz, balconista:
“Não sei quem são os deputados nem imagino o nome dos candidatos. Vou votar porque é obrigação”.
Luis Carlos Gonçalves, pedreiro:
“Não tenho ideia de quem votei na última eleição, nem sei o nome dos deputados ou dos candidatos da região. Acho bom votar em pessoas daqui”.
Fernanda Huppes, estudante:
“Lembro apenas do Elmar Schneider. Acho correto fazer uma campanha para
valorizar candidatos daqui”.
Moacir Dietrich, taxista:
“Não votei nenhum deputado, pois a maioria é envolvido em desvios de diárias, escândalos e quando precisamos de ajuda não há ninguém. Cada região tinha que ter
seus representantes. Daqui só lembro do Marquinhos Lang”.