Nova geração exige cultura, clima e propósito

MERCADO DE TRABALHO

Nova geração exige cultura, clima e propósito

CIC reúne setores empresariais e propõe debate sobre desafios e soluções para atração de retenção de profissionais

Nova geração exige cultura, clima e propósito
De acordo com a especialista em gestão de pessoas, os colaboradores não querem mais só um emprego, mas fazer parte de um propósito
Teutônia

Diante de um cenário em que faltam profissionais, mas não faltam vagas, empresários de Teutônia se reuniram para discutir um dos maiores desafios da atualidade: como atrair e manter talentos em um mercado de trabalho em transformação. A pauta foi tema do Café da Manhã da Indústria, promovido pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Teutônia, que teve como foco a palestra da especialista em gestão de pessoas, Cintia Schmidt, na manhã de quarta-feira, 28.

O encontro respondeu a uma pergunta que inquieta empresários de todos os setores: por que, mesmo com tantas vagas, é tão difícil contratar? A resposta envolve mudanças de comportamento, expectativas da nova geração, e a necessidade de as empresas se tornarem mais atrativas — não apenas em salário, mas em propósito, cultura e ambiente de trabalho. “Não há uma receita de bolo. É sair do padrão, ser disruptivo, comunicar o propósito da empresa e criar conexão com as pessoas. Elas não querem mais só um emprego. Querem fazer parte de algo que faça sentido para suas vidas,” provoca Cintia.

Cenário local: sobram vagas

O problema não é pontual. Cintia apresenta pesquisa recente que aponta que há, atualmente, mais de 3 mil vagas formais abertas no Vale do Taquari. Em Teutônia, entre as quase 600 empresas associadas à CIC, são 74 oportunidades de emprego formal em aberto. No Sistema Nacional de Emprego (Sine), o número chega a quase 400 vagas, concentradas principalmente na indústria.

Os dados refletem um desequilíbrio que se acentua: entre 2019 e 2024, a população em idade para trabalhar cresceu 4,6%, enquanto a procura por emprego aumentou apenas 3%. Na prática, significa que mais pessoas poderiam estar no mercado forma, mas escolhem não estar — por diferentes motivos.

Gestão de pessoas vai além do RH

O debate também revelou que o desafio não termina na contratação. Empresários relatam que, além de formar e capacitar, as empresas acabam assumindo papéis que vão além da gestão tradicional: educar, cuidar e, inclusive, dar suporte emocional para os colaboradores – pauta que vai ao encontro das mudanças da Norma Regulamentadora 1 (NR1), em vigor desde maio, que traz diretrizes para gerenciamento de riscos ocupacionais, incluindo aspectos psicossociais.

A especialista Cintia Schmidt alerta que esse movimento tem limites. “Líder nenhum dá conta de tudo. As empresas não têm braço para cuidar do psicológico de cada colaborador. Cada pessoa traz sua história, sua bagagem. O que podem e devem fazer é oferecer um ambiente seguro — física e emocionalmente —, onde as pessoas saibam o que precisam fazer e encontrem sentido no trabalho,” destacou.

Ela também chamou atenção para a importância de processos seletivos mais criteriosos. “Investir tempo na seleção é mais barato do que lidar com a rotatividade depois. E, se perceber que a pessoa não está feliz ou não se conecta, demita rápido. Manter alguém desconectado faz mal para todos.”

Propósito, cultura e clima: os novos pilares

Ao falar sobre retenção, Cíntia foi direta: clima organizacional, cultura e propósito são hoje tão importantes quanto salário. As novas gerações buscam locais onde sintam que seu trabalho faz diferença e onde haja alinhamento de valores.

“O trabalho não deve ser visto como um vilão, mas como parte da vida, gerador de dignidade e qualidade. Sobre isso, cito uma frase do Deepak Chopra, que diz: ‘O trabalho é como ganhamos dinheiro, a carreira é como deixamos nossa marca no mundo’. As pessoas têm sonhos e não querem passar no mundo despercebidas. Então vamos investir em entender qual é a marca que cada pessoa quer deixar”, pontua.

 

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