Em várias oportunidades expressei minha preocupação com o descaso crescente dos governos e de uma boa parte da sociedade, com o decréscimo alarmante da qualidade da educação em nosso país. Tivemos a pouco tempo, acesso às informações concernentes ao ano de 2023, do resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o que revela a tragédia em curso. Podemos verificar o descaso do governo federal com o assunto se olharmos para o ano avaliado. Somente dois anos após a avaliação feita, os dados foram publicizados. E vimos alguém se manifestar e anunciar ações concretas robustas para reverter essa defasagem brutal? A resposta é não.
Para termos uma ideia sobre os dados publicados, nossos alunos estão indo para a escola, porém não estão aprendendo muita coisa. A prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é concentrada nas escolas públicas. Nas escolas particulares a prova é feita por amostra, o que prejudica a avaliação na rede privada. Os dados nos revelam, portanto, a realidade das escolas públicas brasileiras.
O mais preocupante é que os alunos estão aprendendo cada vez menos, os resultados nas provas são alarmantes e mesmo assim, eles são aprovados e seguem para as séries seguintes sem saber o básico.
Vejamos: no 5º ano do Ensino Fundamental é feita a primeira avaliação de Língua Portuguesa, em média 1 de cada 2 alunos, aprendeu aquilo que foi proposto (55%). Já no Ensino Médio a defasagem piora, e muito. Em média 1 entre 3 alunos, aprende o que é esperado (33%).
Repito, no Ensino Médio, 33% por cento aprendem o que é esperado. E o que é esperado para ser aprovado? O mínimo em regra. Ou seja, o aluno tira 6 numa prova, por exemplo, e está aprovado. Mas nós precisamos de muito mais. Se formos avaliar a porcentagem dos míseros 33% aprovados, quantos alunos nesta faixa conseguiram notas ótimas? Não sabemos, mas imagino.
Precisamos de alunos esforçados, que sejam incentivados a dar o máximo de si, para que tenhamos futuros profissionais confiáveis e que dominem seu ofício em cem por cento. Ou você se sentirá confortável em ser atendido por um cirurgião no futuro, ou um dentista, um arquiteto que fará o projeto de sua casa, um engenheiro que irá projetar pontes, que aprendeu somente o mínimo exigido para ser aprovado?
Infelizmente já temos profissionais formados atualmente com defasagens consideráveis. E o futuro próximo não é nada animador neste sentido. Repito o que já grifei em outros artigos, que ainda temos ilhas de qualidade em educação, porém essas precisam ser multiplicadas com urgência.