O Hospital Bruno Born (HBB), em Lajeado, opera com 150% da capacidade para atendimentos críticos. Na emergência, são 12 pacientes em estado grave, quando a capacidade é de até oito pessoas. Quatro deles estão em ventilação mecânica. A situação, segundo os médicos, é de alerta.
“Estamos vivendo um reflexo do que já aconteceu em grandes centros. A onda de síndromes respiratórias chegou à região”, afirma o médico emergencista André Weber. Ele destaca o crescimento da demanda por leitos de alta complexidade, tanto na emergência quanto nas UTIs.
Segundo Weber, os casos mais graves acompanhados na instituição predominam entre adultos, mas também há alta ocupação na ala pediátrica por bronquiolites em crianças de até dois anos.
A coordenação da emergência confirma a tendência de agravamento. “A maioria dos pacientes graves é vítima de síndrome respiratória aguda. Estamos em surto de Influenza A”, reforça o médico Guilherme Carmo.
Relatório da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) indica que 69% das hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) envolvem idosos ou crianças com menos de 1 ano. Até 19 de maio, foram 186 internações e oito mortes — seis em idosos e duas em crianças entre 1 e 4 anos. Os dados são da plataforma SIVEP-Gripe, do Ministério da Saúde.
Quatro óbitos foram causados por vírus identificados (VSR, covid-19, Influenza), e outros quatro foram classificados como SRAG não especificadas. Mais da metade dos hospitalizados apresentavam comorbidades, e 21% precisaram de UTI.
Plano de contingência
De acordo com o coordenador médico da emergência, Guilherme Carmo, foi necessário ampliar leitos para atender os pacientes. “A gente aprendeu a trabalhar muito na pandemia: criar leitos, gerenciar equipes, gerenciar riscos. E sim, de maneira muito semelhante ao que foi feito lá, nós estamos fazendo agora.”
Ele aponta que, embora o número de pacientes tenha se mantido estável nas últimas 24 horas, a projeção é de alta nos próximos dias. “Justamente por isso que a gente tem se contingenciado para abrir novos leitos críticos, caso seja necessário.”
O surto atual é provocado pelo vírus Influenza A. “É um tipo de gripe que provoca uma síndrome respiratória grave. E é esse o surto que nós estamos vivendo no momento”, reforça o médico.
Vírus em circulação
Conforme a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Lajeado, Juliana Demarchi, há quatro vírus respiratórios em circulação no município: influenza A (H1N1), Vírus Sincicial Respiratório (VSR), rinovírus e covid-19. Este último, embora ainda presente, tem baixa incidência em internações.
“Se a população tivesse aderido à vacina no início da campanha, o cenário atual seria menos grave”, afirma o médico Paulo Weiand. Ele destaca o risco do VSR, em crianças de até dois anos. “Pode levar a pneumonia”, adverte.
A Secretaria Estadual da Saúde reforça que, mesmo com o aumento da circulação viral, medidas simples continuam eficazes: manter ambientes ventilados, lavar as mãos com frequência, evitar contato com sintomáticos e procurar atendimento médico ao surgirem sinais como febre persistente, cansaço extremo ou dificuldade para respirar. A vacina contra a gripe segue disponível para todos os públicos nas unidades básicas de saúde.
Cobertura vacinal
Conforme acompanhamento do Ministério da Saúde, na área da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), mais de 57 mil doses foram aplicadas nos grupos prioritários (idosos, crianças e gestantes), sendo que o público-alvo estimado é de 74,5 mil pessoas.
A cobertura vacinal está em 40,2%, abaixo da meta mínima de 90% recomendada pelo MS.