A chegada do inverno traz com ela consultórios lotados e a preocupação dos pais com os sintomas que afetam as crianças nesta época do ano. Entre os mais comuns, estão a tosse persistente, nariz escorrendo, dor de garganta e febre.
Neste período, os vírus respiratórios se espalham com mais facilidade e afetam, principalmente, o público infantil. “Quando um vírus ataca, ele não escolhe só um lugar. Pode começar com nariz escorrendo, mas também causar dor de garganta, dor no corpo, mal-estar, diarreia. É o corpo todo reagindo”, destaca a otorrinolaringologista Bruna Butzke.
Segundo a médica, a melhor forma de prevenção é a vacina que, muitas vezes, gera dúvidas e receio quanto aos efeitos do imunizante logo após a aplicação. “Isso é um mito. A vacina é feita com o vírus morto, incapaz de causar a gripe. O que ela faz é preparar o organismo, diminuindo o risco de complicações e quadros graves”, explica.

Bruna Butzke, otorrinolaringologista
Além da vacina contra a gripe, Bruna alerta para a importância de manter todo o calendário vacinal atualizado. Outro imunizante destacado por ela é a vacina pneumocócica, que protege contra bactérias que causam pneumonias, otites e meningites. Ela destaca que algumas vacinas da rede pública não cobrem todos os tipos de bactérias circulantes, sendo recomendado, quando possível, buscar reforços na rede privada.
Atenção ao ouvido
Entre as complicações mais comuns dos quadros virais em crianças, está a otite, inflamação no ouvido. A médica explica que é preciso estar atento, já que nem sempre a criança vai reclamar de dor. “Tem bebês que ficam mais irritados, chorosos ou com febre sem motivo aparente. Já os maiores podem até conviver com a otite sem dor, mas desenvolvem acúmulo de secreção atrás do tímpano.”
Esse acúmulo pode afetar, inclusive, o desenvolvimento da fala. “A criança aprende a falar a partir do que ela escuta. Se ela não escuta bem, começa a trocar letras ou atrasar a fala”, alerta.
Sintoma persistente
A tosse é outro sintoma comum no inverno. Bruna destaca que esse é um tipo de defesa das vias aéreas e que o importante, nesses casos, é entender as causas dessa manifestação.
“Não existe um xarope para tosse eficaz e seguro. O que precisa ser feito é descobrir a causa e tratar. Na maioria das vezes, nas crianças pequenas, a tosse vem de quadros virais, acúmulo de secreção no nariz ou alergias.”
A lavagem nasal é, segundo a médica, o principal aliado no controle dos sintomas respiratórios. Mas ressalta: “A lavagem deve ser ensinada no consultório, não aprendida na internet, porque, se feita de forma incorreta, pode gerar outros problemas.”
Ela também faz um alerta sobre o uso de descongestionantes nasais, principalmente em gotas. “Esses medicamentos podem causar efeitos colaterais sérios, como intoxicação, aceleração dos batimentos cardíacos e, em casos extremos, levar até à internação em UTI.” Por isso, são contraindicados para crianças menores de 12 anos.
Cuidados na estação
- Realizar lavagem nasal com soro fisiológico ou soro hipertônico, especialmente antes de dormir;
- Manter os ambientes arejados;
- Higienizar bem as mãos;
- Evitar uso de descongestionantes nasais e xaropes sem prescrição médica;
- Manter as vacinas em dia.