O Brasil está envelhecendo. E, com isso, uma transformação silenciosa vem mudando a cara da economia e da sociedade: o avanço da geração prateada — pessoas com mais de 50 anos, ativas, experientes, conectadas e com alto poder de consumo.
Segundo estudo da FGV e do IBGE, essa faixa etária, que hoje responde por cerca de 24% do consumo das famílias, será responsável por 35% de tudo que se consome no país até 2044. Isso representa um impacto direto nos mais diversos setores: saúde, alimentação, turismo, lazer, finanças e até tecnologia.
Mais do que consumir, a geração prateada influencia. Muitos são os pilares das famílias, participam das decisões dos filhos, ajudam financeiramente, mantêm negócios, compram imóveis, veículos e viajam com frequência. Seu papel vai além do consumo: envolve presença, exemplo, cuidado e liderança familiar. Em um cenário onde os jovens enfrentam mais dificuldades, muitos lares contam com o suporte financeiro e emocional dos mais velhos.
É importante lembrar que não estou falando de um grupo homogêneo. A geração 50+ inclui desde recém-aposentados cheios de planos até pessoas com mais de 70 anos que seguem empreendendo, viajando, estudando ou cuidando de familiares. No Sul do Brasil, essa realidade é ainda mais presente: temos uma população mais envelhecida que a média nacional e com maior expectativa de vida. É comum ver casais acima dos 60 anos ativos na comunidade, no campo ou no comércio local.
Essa mudança demográfica exige uma nova forma de atendimento. Empresas que tratam esses consumidores com pressa, despreparo, perdem espaço. A geração prateada valoriza atendimento humanizado, clareza na comunicação, acessibilidade nos espaços físicos e soluções pensadas para suas reais necessidades. Gosta de ser ouvida, respeitada e bem tratada.
É também uma geração que gosta de marcas com propósito, que entende o valor do tempo e da qualidade de vida. Não se trata apenas de oferecer produtos, mas de criar experiências significativas. Negócios que investem nesse relacionamento constroem vínculos duradouros e conquistam clientes fiéis.
A boa notícia é que as oportunidades são muitas. Aqui no Vale, por exemplo, cresce a demanda por serviços personalizados de saúde, turismo fora de temporada, cursos voltados à terceira idade, atividades físicas adaptadas, residenciais com estrutura diferenciada, entre outros. O mercado está aberto. Quem enxergua esse público com o valor que ele merece vai colher muitas oportunidades.
A geração prateada não está à margem da economia. Ela está no centro. Participa, escolhe, decide e investe. Quem souber atender bem esse público terá acesso a um segmento estável, fiel, em crescimento acelerado e com alto potencial de consumo. Uma população que quer viver mais, mas também melhor — e que está disposta a pagar por isso. Oportunidades existem para todos os setores.