
A família Koefender ama o cheiro do couro e a textura do produto. Rubem, Sandra e Camila tocam o curtume, no Bairro das Nações, que virou referência na fabricação de camurça de alta qualidade.
Do curtume Rusan saem pilhas de matéria-prima, que viram bolsas, sapatos e estofados. Trinta por cento da produção é enviada ao mercado de exportação. A camurça do Rusan, fabricada na indústria de Lajeado, se transforma em calçados de marcas, como Luiza Barcelos, Arezzo, Nike, Vans, Fila, Lacoste, entre outras conhecidas internacionalmente.
Em 2025, o Rusan celebra 40 anos e comemora com os 72 funcionários as conquistas. A marca iniciou em 1985, quando Rubem Koefender, aos 22 anos, começou o negócio, em uma casa de madeira modesta e pequena. No chalé simples, Rubem começou a produzir sola para pequenos sapateiros.
Com a parceria da esposa Sandra, que fazia a parte burocrática, o negócio avançou aos poucos.“Iniciamos a fabricação de raspa luva, depois passamos por um período de curtimento de couro até wet blue, em seguida começamos a beneficiar couro de porco e, finalmente, chegamos a produção de camurça bovina, a qual seguimos trabalhando até hoje”, explica. “Em poucos anos, o negócio deslanchou”, enfatiza Rubem. Sandra complementa que o negócio foi iniciado com muitos desafios, e também vontade de trabalhar. “Fomos corretos e honestos o tempo todo. Essas características levaram adiante a empresa”, destaca.
Em 1990, o Rusan já tinha uma boa estrutura para tingimento de camurça de couro bovino e deu um passo decisivo para sua expansão: a empresa fez a ampliação para um pavilhão no Bairro das Nações. O prédio novo e a abertura do mercado exigiram a adoção de novas tecnologias e Rubem, focado no negócio, fez a aposta certeira: direcionou a camurça para o mercado da moda.
A empresa está localizada em uma área de 3,6 hectares. A estação de tratamento possui uma tecnologia de ponta para reduzir o impacto ambiental. O lodo é transformado em adubo e os retalhos do couro são transformados em fertilizantes.
Gestão feminina e humanizada
Camila Koefender cresceu no meio do couro. Ingressou na empresa há 14 anos como operadora de fábrica, de jaleco, bota e protetor auricular. Aprendeu o funcionamento da estação de tratamento de água e passou por todos os setores até chegar à diretoria.
Há 9 anos, foi instituída uma nova cara para a gestão da empresa.
“Um dos maiores desafios é a gestão de pessoas e o comprometimento delas com o trabalho. Por isso, criamos métodos de incentivo, mas também de responsabilidade, envolvendo todos os colaboradores no objetivo final da empresa: produzir uma camurça de excelência com clientes e funcionários satisfeitos”, explica.
Camila reestruturou os processos internos, otimizou a produção e estimulou as vendas. Foi ela quem implementou o “Padrão Rusan de Qualidade”, garantindo a uniformidade e a qualidade necessárias para atender o mercado exportador. “Hoje exportamos para Europa, EUA, Canadá e America do Sul. Era fundamental criar o nosso padrão e uniformidade”, salienta.
Ela também assumiu o compromisso de manter o negócio dentro das exigentes leis ambientais, um desafio para qualquer empreendedor. Em um setor marcado pela instabilidade do dólar e variações do mercado, Camila se mostra vigilante. “É preciso estar atenta às oscilações”, garante.
Em 2025, o Curtume Rusan aposta novamente. Em abril, lançou a camurça para estofamentos, abrindo portas para o mercado de arquitetura e design de interiores. “Para o futuro, meu desejo é manter o nível de qualidade que nos trouxe até aqui e continuar sendo uma marca de referência”, afirma Camila.