Mobilização cresce no estado e pressiona governo federal

Renegociações de dívidas

Mobilização cresce no estado e pressiona governo federal

Agricultores vão às ruas e se aliam a entidades e políticos na cobrança por soluções

Mobilização cresce no estado e pressiona governo federal
Comitiva do Vale do Taquari integra vigília montada em Porto Alegre (Foto: Marcos Antonio Hinrichsen)

Frentes de todo o RS se mobilizam para pressionar o Governo Federal a avançar nos processos de renegociações de dívidas do campo. As manifestações ganharam força nesta semana e aliam produtores rurais, entidades e políticos. Comitiva do Vale do Taquari integra vigília montada em Porto Alegre por 300 pessoas das regionais da Fetag e STR. Agricultores prometem “fechar o estado” daqui uma semana (30/05) caso soluções concretas não sejam definidas.

Ao todo são pelo menos 28 pontos de concentração de produtores rurais às margens das rodovias federais e estaduais do RS, nenhum no Vale. O número é impreciso, apontam participantes, pois não há organização formal dos protestos. Grande mobilização está programada para hoje a tarde, às 14h, em Pantano Grande, com carreata de caminhões e maquinários agrícolas cidade adentro. “Estão falando que dia 30 vai ser paralisação geral no estado, que não vai passar nada nesses pontos”, informa a agricultora Luciane Agazzi.

As informações são compartilhadas em grupos de whatsapp. De acordo com Luciane, os agricultores optaram pelo dia 30 pois justamente nesta data vencem dívidas com bancos e fornecedores. “Os que ainda estão negativados vão ficar.”

Mobilização sindical ocorre em Porto Alegre desde terça-feira. Agricultores ligados à Fetag-RS e STRs estão acampados em vigília nos dois prédios onde atuam as regionais dos ministérios da Agricultura (Mapa), Fazenda (MF) e Desenvolvimento (MDA), inclusive pernoitando nos locais. Há rodízio entre os participantes todos os dias. O Vale do Taquari, por exemplo, foi em comitiva na madrugada desta quinta-feira com representantes Boqueirão do Leão, Sério, Cruzeiro do Sul, Estrela e Bom Retiro do Sul.

Aliado a isto, comitiva das entidades está em Brasília-DF participando de articulações políticas. O presidente estadual da Fetag, Carlos Joel da Silva, segue na capital gaúcha e participa das discussões federais por videoconferência. Ele manifesta decepção com os avanços, especialmente com o Governo Federal. “A única coisa que estamos conseguindo alguma perspectiva é em relação ao ProAgro, mas em relação a securitização a União está sinalizando que não vai apoiar. Eles dizem que a situação não é tão grave no estado.”

Votações: uma prometida para hoje

Na terça-feira, a Comissão de Agricultura (CRA) deu parecer favorável ao PL 320/2025, do senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS), que trata da securitização. Protocolado em fevereiro, foi o primeiro avanço significativo. O texto segue para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

O projeto autoriza a securitização das operações de crédito rural, contratadas até 30 de junho de 2025, referentes a custeio, investimento e comercialização, de produtores rurais, cooperativas agropecuárias e agroindústrias cujos empreendimentos, localizados em municípios que decretaram situação de emergência ou calamidade pública, reconhecida pelo governo federal, ou que tenham sofrido perdas comprovadas por laudo técnico agronômico, emitido por profissional habilitado, a partir de 2021. Para tanto, o Tesouro poderá emitir títulos até o montante de R$ 60 bilhões.

Até a conclusão definitiva sobre a securitização, o que deve demorar mais tempo, agricultores e lideranças pleiteiam o congelamento das dívidas. Para isso aguardam a promessa do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que no começo da semana garantiu que o Conselho Monetário Nacional (CMN) votaria nesta quinta-feira a resolução para prorrogar as parcelas de crédito rural dos produtores gaúchos com vencimento para este ano. O valor calculado para a prorrogação é de R$ 116 milhões em 2025.

Para isto, será necessário abrir um novo crédito orçamentário. “Nós aqui em Brasília estamos com os parlamentares ajustando alguns pontos muito importantes. Precisamos ainda que a promessa feita sobre a resolução do CMN aconteça”, observa a coordenadora do SOS Agro, Graziele de Camargo.

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