Estado tem dez dias para entregar proposta final

CONCESSÃO DAS RODOVIAS

Estado tem dez dias para entregar proposta final

Diante da pressão de parlamentares contra a transferência das rodovias para iniciativa privada, Piratini faz mistério sobre os parâmetros do leilão

Estado tem dez dias para entregar proposta final
Setor produtivo regional calcula que tarifa máxima deve ser de R$ 0,14 por quilômetro rodado, sem interferir em obras estruturantes. (Foto: Filipe Faleiro)
Vale do Taquari

O governo do Estado pretende finalizar até 31 de maio o edital de concessão dos 415 quilômetros de rodovias do Bloco 2, que abrange trechos do Vale do Taquari. De hoje até o próximo sábado, são dez dias. A indefinição aumenta a pressão de setores políticos e empresariais, que cobram respostas mais claras, em especial sobre a redução no valor da tarifa.

Desde o anúncio da reestruturação do projeto, a proposta passou por audiência pública e recebeu mais de 400 contribuições. Segundo a Secretaria Extraordinária da Reconstrução, cerca de 60% das sugestões tratam do preço do pedágio. O modelo prevê a adoção do sistema free flow (cobrança automática).

O governador Eduardo Leite afirma que o edital trará redução na tarifa projetada, mas até agora não detalhou quanto será reduzido nem como o equilíbrio financeiro será mantido. O primeiro estudo, elaborado em parceria com o BNDES, indicava valor médio de R$ 0,23 por quilômetro rodado. Representantes regionais defendem teto de R$ 0,14/km.

A presidente do Conselho de Desenvolvimento (Codevat), Cintia Agostini, reitera que o Vale não rejeita a concessão, mas exige garantias de que as obras sairão do papel. “Não podemos aceitar mais um modelo onde pagamos para continuar trafegando em estradas ruins. Se a tarifa for alta e as obras não vierem, isso será apenas mais um imposto disfarçado.”

O secretário da Reconstrução, Pedro Capeluppi, afirma que o governo analisa as contribuições e que responderá todas as mais de 400 sugestões feitas na consulta pública, nas audiências e nas reuniões com líderes e prefeitos da região. O plano inicial prevê R$ 6,7 bilhões de investimento em 30 anos.

Pressão dos deputados

Em meio ao silêncio do Estado nas últimas quatro semanas, cresce a cobrança de vereadores e deputados estaduais. A Frente Parlamentar Contra os Pedágios e o movimento RS Contra os Pedágios intensificaram críticas à indefinição e alertam para a possibilidade de judicialização, caso a proposta seja mantida.

Na outra ponta, lideranças do setor produtivo alertam para a fragilidade das rodovias estaduais. Dados da Associação Gaúcha dos Municípios (AGM) mostram que, em 2023, menos de 5% da arrecadação do IPVA foi investida em infraestrutura viária. “A conta não fecha. O Estado não tem condições de investir o que precisamos. Mas o modelo de pedágio precisa ser viável para quem usa a estrada”, reforça o diretor de Infraestrutura da Associação Comercial e Industrial de Encantado (Aci-E), Luciano Moresco.

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