O governo do Estado pretende finalizar até 31 de maio o edital de concessão dos 415 quilômetros de rodovias do Bloco 2, que abrange trechos do Vale do Taquari. De hoje até o próximo sábado, são dez dias. A indefinição aumenta a pressão de setores políticos e empresariais, que cobram respostas mais claras, em especial sobre a redução no valor da tarifa.
Desde o anúncio da reestruturação do projeto, a proposta passou por audiência pública e recebeu mais de 400 contribuições. Segundo a Secretaria Extraordinária da Reconstrução, cerca de 60% das sugestões tratam do preço do pedágio. O modelo prevê a adoção do sistema free flow (cobrança automática).
O governador Eduardo Leite afirma que o edital trará redução na tarifa projetada, mas até agora não detalhou quanto será reduzido nem como o equilíbrio financeiro será mantido. O primeiro estudo, elaborado em parceria com o BNDES, indicava valor médio de R$ 0,23 por quilômetro rodado. Representantes regionais defendem teto de R$ 0,14/km.
A presidente do Conselho de Desenvolvimento (Codevat), Cintia Agostini, reitera que o Vale não rejeita a concessão, mas exige garantias de que as obras sairão do papel. “Não podemos aceitar mais um modelo onde pagamos para continuar trafegando em estradas ruins. Se a tarifa for alta e as obras não vierem, isso será apenas mais um imposto disfarçado.”
O secretário da Reconstrução, Pedro Capeluppi, afirma que o governo analisa as contribuições e que responderá todas as mais de 400 sugestões feitas na consulta pública, nas audiências e nas reuniões com líderes e prefeitos da região. O plano inicial prevê R$ 6,7 bilhões de investimento em 30 anos.
Pressão dos deputados
Em meio ao silêncio do Estado nas últimas quatro semanas, cresce a cobrança de vereadores e deputados estaduais. A Frente Parlamentar Contra os Pedágios e o movimento RS Contra os Pedágios intensificaram críticas à indefinição e alertam para a possibilidade de judicialização, caso a proposta seja mantida.
Na outra ponta, lideranças do setor produtivo alertam para a fragilidade das rodovias estaduais. Dados da Associação Gaúcha dos Municípios (AGM) mostram que, em 2023, menos de 5% da arrecadação do IPVA foi investida em infraestrutura viária. “A conta não fecha. O Estado não tem condições de investir o que precisamos. Mas o modelo de pedágio precisa ser viável para quem usa a estrada”, reforça o diretor de Infraestrutura da Associação Comercial e Industrial de Encantado (Aci-E), Luciano Moresco.