Diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) em crianças já foram descartados após a identificação de que os sintomas observados eram, na verdade, consequência do uso excessivo de telas. A informação é da especialista em Clínica Médica, Neurociências, Educação e Desenvolvimento Infantil, Gabriela Pedó.
Segundo ela, crianças menores de dois anos não devem fazer uso de dispositivos eletrônicos, já que isso prejudica o desenvolvimento cognitivo, comportamental e emocional. Gabriela também alerta para a banalização da leitura, uma ferramenta essencial para o amadurecimento infantil, que vem sendo substituída por conteúdos digitais.
“Estão trocando os livros por outras coisas. E uma criança que não acessa a imaginação, depois, quando adulta, tem muito mais dificuldade para desenvolver isso. A imaginação é essencial, inclusive, para a tomada de decisões. Se não treinamos isso desde cedo, diante do primeiro desafio, desistimos”, explica.
A médica ressalta ainda que, na vida adulta, os impactos podem ser ainda mais graves. “Normalmente, esse vínculo exagerado com as telas leva a um maior isolamento. A pessoa busca se relacionar apenas com quem tem o mesmo padrão de comportamento, gerando um distanciamento do mundo real. E isso é muito preocupante, porque essas pessoas adoecem gravemente e os algoritmos sempre vão mostrar o que ela quer ver, reforçando suas crenças”, completa.