As restrições comerciais à carne de frango do mercado brasileiro foram impostas por 32 países, além das nações da União Europeia (UE). O governo federal tenta convencer os principais mercados a flexibilizar os embargos e a limitar o bloqueio apenas à região de Montenegro, onde não há produção para exportação. A principal negociação ocorre com a China e UE, sendo o primeiro o maior comprador do produto com média mensal de US$ 100 milhões, o equivalente a mais de R$ 560 milhões.
O Ministério da Agricultura aposta na eficiência do trabalho de contenção do vírus, visto que nenhum novo caso comercial foi confirmado, para convencer as autoridades sanitárias. Além disto, reforça que a gripe aviária foi diagnosticada pela primeira vez no Brasil há dois anos, em aves silvestres, e que apenas agora adentrou em área comercial. Isto, defende o governo, comprova a qualidade das estratégias adotadas para proteger os estabelecimentos produtivos.
De acordo com dados apresentados pelo ministério, 16 países e a UE suspenderam totalmente a compra de carne de frango. Outros 8 restringiram as importações apenas à região afetada, entre eles mercados importantes como Japão e Arábia Saudita. O acordo comercial firmado com a nação japonesa já previa a regionalização. Alguns embargos, entretanto, ficaram apenas para produtos oriundos do Rio Grande do Sul.
Caso as negociações por flexibilização não avancem e se mantenha o prazo inicial estimado de 60 dias, projeta-se que mais de 400 mil toneladas de frango deverão ser consumidas no mercado interno neste período.
Consumo seguro x temor de contaminação
O Ministério da Agricultura assegura o consumo de carne e ovos. Reforça que em caso de eventual contaminação de algum animal, o cozimento dos alimentos elimina o vírus H5N1. Mas há o temor dos países importadores de que caso alguma carcaça contaminada adentre o seu território, possa haver o contágio em granjas locais.
Para a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), isto seria algo bastante difícil de ocorrer. Neste caso a carcaça contaminada precisaria entrar em contato com uma ave viva. As autoridades sanitárias reforçam a necessidade do cozimento de carnes e ovos, inclusive pela possibilidade de transmissão de outras doenças, como a salmonella. O Brasil nunca teve registro de gripe aviária em humanos.