Assembleia Legislativa apela por mais prazo para empresas

CRÉDITO ÀS EMPRESAS

Assembleia Legislativa apela por mais prazo para empresas

Um terço das indústrias atingidas pelas inundações que acessaram financiamento do BNDES com juros reduzidos correm o risco de perder o benefício devido a redução no nível de empregos

Assembleia Legislativa apela por mais prazo para empresas
Representantes do setor produtivo apontam falta de mão de obra disponível para preencher vagas aberta. (Foto: Filipe Faleiro)
Estado

A Assembleia Legislativa formaliza pedido ao Conselho Monetário Nacional (CMN) para que reavalie a exigência de manutenção ou ampliação dos empregos como contrapartida para os financiamentos emergenciais concedidos após as enchentes de 2023 e 2024.

O ofício foi encaminhado ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante. No documento, os deputados pedem mais prazo para as indústrias cumprirem a cláusula trabalhista, prevista no crédito Emergencial Automático. O pedido se apoia em informações fornecidas pela Federação das Indústrias do RS (Fiergs), que acompanha os impactos econômicos e produtivos causados pelas catástrofes climáticas.

A cláusula determina que os contratos com juros subsidiados só se mantenham válidos caso as empresas preservem o mesmo número de empregos formais registrados antes das calamidades. O prazo estipulado é de pelo menos dez meses com os quadros inalterados.

Caminhos à solução

Conforme o presidente da AL, o deputado Pepe Vargas (PT), há dois caminhos. Por meio de lei votada no Congresso Nacional, ou por autorização da CMN. “O BNDES não pode mudar a cláusula, pois foi aprovada em lei pelos deputados federais. Então, para mudar a legislação, só os parlamentares. Ou com um aumento do prazo, o que a confederação pode fazer.”

De acordo com relatório da Secretaria Nacional da Reconstrução, 29,7% dos 4.086 contratos emergenciais firmados com o BNDES foram notificados por descumprirem a cláusula de manutenção dos postos de trabalho. Isso pode levar ao aumento das taxas de juros dos contratos – que atualmente variam entre 0,5% a 1% ao mês – para patamares de mercado.

O presidente da Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT), Angelo Fontana, argumenta que fatores como programas assistenciais, falta de moradia e concorrência entre empresas agravam a escassez de trabalhadores. “É uma realidade que está além da vontade ou da capacidade das empresas”, resume.

Para a Fiergs, o cumprimento da regra se tornou “involuntariamente inviável” para boa parte das empresas atingidas, especialmente nas regiões mais devastadas como o Vale do Taquari.

A carta enviada ao BNDES, datada de 28 de abril e assinada pelo presidente da entidade, Claudio Bier, menciona a dificuldade generalizada em repor mão de obra qualificada, resultado da migração forçada de trabalhadores, destruição de moradias e da fragilidade das estruturas urbanas em áreas afetadas.

Pressão política

O movimento da Assembleia Legislativa reforça as articulações já iniciadas por federações empresariais, sindicatos e entidades de classe junto à bancada federal gaúcha.

O grupo busca reunir justificativas técnicas que demonstrem, com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), boletins fiscais e depoimentos de empresários, que as empresas têm atuado para manter empregos, mas enfrentam barreiras estruturais intransponíveis.

Outro ponto é o impacto potencial da interrupção do crédito ou do aumento nos custos financeiros.

Acompanhe
nossas
redes sociais