Há mais de duas décadas o investimento genético ganhou força na propriedade da família Ferraboli, da localidade de Itapuca, interior de Anta Gorda. Os criadores apostaram no melhoramento do rebanho como forma de aumentar a produtividade das vacas leiteiras e ainda ganhar rendimentos extras com a venda das vacas holandesas.
A estratégia tomou forma com a participação em feiras pelo Rio Grande do Sul, sendo a FestLeite a primeira delas, no próprio município, na edição de estreia em 2008. Além de acumular premiações, deter o recorde estadual de produção da raça holandesa, ainda comercializam animais e embriões para diversas regiões do estado, Santa Catarina e Paraná.
A toda a família ajuda a tocar a atividade. De acordo com um dos filhos, Diogo, um dos grandes orgulhos da propriedade foi o resultado obtido no ano passado na Expointer. A vaca Festleite Ferraboli 507 Supersire, apelidada de “pitoca”, chegou a produção de 110,41 quilos de leite em 24h, maior marca de ordenha para um único dia em todo o RS para a raça.
O animal venceu a categoria Vaca Adulta. Na mesma edição, Ferraboli 622 Crushabull ganhou na categoria jovem, com 84,81 quilos. “A Expointer ocorreu logo após as enchentes. E também tínhamos passado por um período ruim no campo, que prejudicou as pastagens. Acreditamos que vamos conseguir superar essa marca,” observa Diogo.
As mais recentes premiações ocorreram neste fim de semana. A granja arrematou os primeiros lugares nas categorias vaca adulta e jovem no concurso da Fenasul Expoleite, realizada em Esteio. Com um total de 93,41 quilos produzidos, Ferraboli 455 Hollywood superou a segunda colocada em cerca de 16 quilos. Já na categoria Jovem, a vencedora Ferraboli 479 Kingboy chegou a 73,63 quilos de leite.
Diogo conta que a vaca adulta ainda é jovem e os números ficarão ainda maiores em competições futuras, quando a produção atingir o auge. A família ainda não definiu qual dos animais participará da próxima Expointer, programada para ocorrer entre 30 de agosto e 7 de setembro. O selecionado precisará passar por um processo interno de adaptação durante cerca de 40 dias.
Valorização
O setor leiteiro é um dos mais desafiadores do agronegócio. Trabalho que envolve mão de obra diária, altos custos de produção, instabilidades nos preços e dificuldade de sucessão. Além da estratégia da família Ferraboli de incrementar a renda com o melhoramento genético, encontraram nas feiras uma forma de motivação. “Nosso segmento é muito desvalorizado. Participando das competições nos motivamos a trabalhar e querer continuar crescendo”, destaca Diogo ao reclamar da falta de apoio governamental.
Como exemplo, cita os estragos na propriedade em decorrente das cheias e excesso de chuva no inverno passado. A sala de ordenha sofreu danos estruturais e uma nova precisa ser edificada, com estimativa de investimento superior a R$ 500 mil. Nenhum aporte chegou. “Para quem conta os centavos no litro de leite, desembolsar toda essa quantia é complicado.”
A propriedade conta com um plantel de 230 animais. Destes, cerca de 100 estão em lactação e geram em média 2,6 mil litros por dia.