Embora o Brasil esteja vivendo o pico de seu bônus demográfico, com grande parte da população em idade ativa, o país ainda enfrenta sérias dificuldades relacionadas ao desempenho produtivo. Para o consultor educacional e especialista em aprendizagem Juliano Colombo, essa limitação está fortemente ligada ao fato de que o brasileiros entrou no mundo digital sem ser alfabetizado.
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Reconhecendo os benefícios da tecnologia para os processos de trabalho, Colombo alerta que o analfabetismo funcional impacta diretamente a eficiência nacional. “Se compararmos com 2018, permanecemos estagnados. Isso é alarmante. Não houve avanço significativo, e esse é o principal entrave para o setor produtivo. Fabricamos muito menos que nações desenvolvidas. Até oito vezes menos que Luxemburgo e quatro vezes menos que os Estados Unidos”, explica.
Apesar disso, ele destaca que o desafio vai além da escola, envolvendo a sociedade de forma mais ampla. “Não progredimos porque não investimos os esforços necessários, na proporção adequada, para transformar essa realidade. Costumamos responsabilizar apenas a educação formal, que de fato precisa se atualizar em termos de métodos pedagógicos, mas é importante lembrar que a escola depende do que recebe. A base da formação começa em casa, com os responsáveis”, observa.
Segundo ele, a superação desse cenário exige um compromisso coletivo e duradouro. “Não se trata de uma questão que deve ser politizada, mas sim de implementar políticas públicas consistentes, com continuidade ao longo do tempo. A mudança é possível, mas será gradual.”