“Apostar é como acreditar que um sonho
possa ser realizado.” – Millôr Fernandes
Um em cada quatro brasileiros seguem Virgínia Fonseca. Graças a isso ela assinou um contrato com a Esportes da Sorte onde ela ganha 30% do que os usuários perdem com os jogos. Se o apostador ingressar na plataforma através de um link divulgado por ela e perder 100 reais em uma aposta, R$ 30 vão para a influenciadora. Em dezembro de 2022, quando assinou o acordo, Virgínia recebeu um adiantamento de R$ 50 milhões e logo depois presenteou seu marido com um jatinho avaliado em 17 milhões de reais.
Por isso chamou muita atenção na última semana, a aparência infantilizada da influenciadora ao comparecer a uma CPI que investiga apostas eletrônicas no Brasil. Desnecessário dizer que o comportamento de muitos “representantes do povo”, também chamaram atenção.
Desde a legalização das apostas esportivas de cota fixa, em 2018, esse mercado tem se expandido fortemente. Até o momento são 163 plataformas de jogos regulamentadas pelo governo para atuar a partir de 2025. Uma pesquisa recente destaca que 9,3 milhões de pessoas usam bets no Brasil, o que coloca a modalidade como a segunda na preferência dos brasileiros, ganhando inclusive do jogo do bicho.
Com isso, o Brasil se tornou o país que mais acessa sites de jogos de azar no mundo, respondendo por 15% do tráfego global em 2024 e sendo considerado o sétimo maior mercado global em termos de receita movimentada pelas apostas. Hoje se estima em 30 bilhões o gasto mensal dos brasileiros com apostas ao mesmo tempo que se gasta 22 bilhões de reais por mês com roupas. Desses 30 bilhões, 10 % do valor foram apostados por 5 milhões de beneficiários de programas sociais.
Claro que houveram avanços no controle das apostas nos últimos dois anos, mas apostar continua sendo um caso de saúde pública( afinal há dois milhões de viciados em jogos) e de polícia( muitas organizações criminosas lavam dinheiro ilegal nas “bets”).
De tudo que foi dito por Virginia Fonseca em seu depoimento na CPI das Bets, talvez essa seja a frase em que vale a pena refletir: “Se realmente faz tão mal para a população, proíbe tudo”. Verdade, mas será que um país onde o mercado regulado de apostas online deve gerar R$ 20 bilhões em impostos e taxas em 2025, tem essa mesma preocupação?