Você saiu de Poço das Antas há alguns anos, mas agora retorna como Cidadão Emérito. O que essa homenagem representa para você?
Ser homenageado pela cidade onde eu nasci, cresci, onde tudo começou, é muito emocionante. É sem dúvida uma das maiores honras da minha vida. Poço das Antas faz parte de tudo o que sou, pois foi aqui que construí os meus valores como cidadão. Carrego essa terra no coração, e cada passo que dei fora daqui, em cada pesquisa, em cada conquista, estava sempre presente a lembrança da minha terra natal. Foi aqui que aprendi o que significa, de verdade, ser cidadão. É por isso que eu digo que esse título não é apenas um reconhecimento a mim, mas a vitória de um filho formado por Poço das Antas.
De que forma essas raízes influenciaram seu caminho profissional até se tornar o Melhor Queijeiro do Brasil?
Desde a infância tive o privilégio de participar de diversas iniciativas promovidas pelo município que contribuíram para o meu desenvolvimento pessoal, reforçando os valores de pertencimento e compromisso em comunidade. A participação em atividades esportivas e em movimentos culturais me ensinou a trabalhar em equipe e valorizar nossas tradições. E foi com essa base que enfrentei o mundo lá fora. O jeito simples e correto que aprendi com meus pais e com a comunidade me guiou até hoje. Então, se hoje sou reconhecido profissionalmente, pode ter certeza de que foi porque Poço das Antas me ensinou a ser firme, honesto e comprometido com o que faço.
Ser reconhecido nacionalmente na arte de fazer queijo não é algo comum. Qual foi o ponto de virada na sua carreira que te levou a esse título tão prestigiado?
No meu caso, sou humilde em admitir: eu não nasci com um dom especial. Nunca tive uma facilidade natural ou um talento espontâneo para as áreas que abracei profissionalmente. O que tive, e sigo tendo, foi disciplina. Foram horas e mais horas de estudo, leitura, noites sem sono e muitos “não”. Foi sentar-se, dia após dia, na frente dos livros, abrir mão do lazer, enfrentar o silêncio sozinho e seguir mesmo sem a certeza do resultado. Se hoje cheguei até aqui, foi porque acreditei que o esforço supera o dom, que a vontade pode ser maior que o talento.
Na sua trajetória fora do município, quais foram os maiores desafios que enfrentou e o que te motivou a seguir firme nessa jornada?
O maior desafio foi a distância de casa. Saí com 18 anos, fui morar longe, sem conhecer ninguém, sem muito recurso. Teve muito momento difícil. Mas eu sempre lembrava de onde vim, da força que meus pais me deram, dos valores que aprendi aqui. O queijo me levou a conhecer pessoas incríveis, outras culturas, outros estados, países e até continente. Em cada passo da minha jornada, fiz questão de dizer de onde vim, com orgulho, com carinho e com o compromisso de honrar este nome: Poço das Antas.
Como inspiração para outras pessoas, qual mensagem você deixaria para os jovens da cidade que sonham em seguir seus próprios caminhos de sucesso?
Estudem, insistam, não desistam. Às vezes a gente acha que precisa ter um dom, um talento especial, mas o que mais conta é a vontade de aprender e seguir em frente. E é por isso que digo: não desistam, mesmo que vocês não se sintam brilhantes. A luz não vem de nascer brilhando, mas de insistir até brilhar. E que esta homenagem seja um símbolo de que vale a pena acreditar nos nossos jovens.