Desafios na mobilidade urbana, como a melhoria nos acessos e também nas vias principais, atenção a serviços básicos como a saúde e educação, além de um olhar maior para espaços de lazer e para regiões que foram castigadas pela enchente de maio. Temas que nortearam o terceiro debate temático de 2025 do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os Bairros”.
Em funcionamento desde 2017, o campus do Instituto Federal Sul-Riograndense (IFSul), no bairro Olarias, foi o local escolhido para o debate, tanto pela qualidade da estrutura quanto pela importância da unidade àquela região. Os bairros vizinhos Campestre e Santo André também foram abordados no programa.
Juntos, os três bairros totalizam pouco mais de 7 mil habitantes e, apesar de distantes do Centro, tem localizações estratégicas. O Campestre fica às margens da ERS-130, enquanto o Olarias tem parte de seu território lindeiro à BR-386. Menor em relação aos vizinhos, o Santo André fica “espremido” entre as duas rodovias.
Pela Associação de Moradores do Olarias, participaram do debate o ex-presidente Jardel Zanrorsso, e a nova responsável pela entidade, Sílvia Eckhardt, eleita no fim de abril para um mandato de dois anos. Já o vereador Jones Vavá, presidente da Associação de Moradores do Campestre, representou também o Santo André, onde tem residência e um gabinete móvel.
Pelo Poder Executivo, os secretários de Obras, Fabiano Bergmann, e de Serviços Urbanos, Elisete Mayer, trouxeram os planos do governo municipal para essas comunidades. Atual diretora do campus Lajeado do IFSul, Cláudia Redecker Schwabe representou a instituição anfitriã do debate.
Ações necessárias
Embora ainda não tenha iniciado a gestão à frente da associação, Sílvia já tem alguns assuntos que devem ser priorizados nos dois anos de trabalho. Entre os principais objetivos estão a construção de uma sede para a associação, um quiosque, um ginásio poliesportivo e melhorias na área da lagoa do bairro, que fica ao lado da Emef Nova Viena.
“Hoje temos um campo aberto ao lado da lagoa, e sem cercamento. As bolas caem na água, as crianças entram para buscar e acabam deixando bambus e sujeira ali. A ideia é cercar esse campo para preservar o local”, frisa. Ela defende a revitalização da área com brinquedos modernos e seguros, similares aos instalados em praças de outros bairros.
Moradora do Olarias por mais de uma década, ela aceitou o desafio da presidência após receber o convite em cima da hora. “No dia seguinte, já estávamos montando a chapa e pedindo votos pelo bairro. Foi tudo muito rápido”, contou.
Zanrosso celebrou o fato de duas chapas terem concorrido, o que demonstra o interesse da comunidade em participar. “Isso não é comum na maioria dos bairros. Fomos surpreendidos positivamente por ter mais gente querendo ajudar”, afirmou. Natural de Santa Catarina, vive há mais de 20 anos em Olarias e já esteve à frente da associação em outras três oportunidades.
Entre os principais desafios atuais, ele cita as condições das ruas, impactadas pelo tráfego intenso de caminhões que passaram a acessar o bairro durante o período em que a Ponte do Exército foi a única alternativa de deslocamento a Arroio do Meio. “Essas vias ficaram bastante danificadas. A mobilidade virou uma prioridade do nosso bairro”, disse.
Outra demanda antiga é a implantação de um espaço para atividades no contraturno escolar. Zanrosso explicou que a associação já conseguiu a cessão de um terreno próximo ao posto de saúde, onde chegou a fazer o aterro e preparar o espaço, mas faltou verba para levantar a estrutura. “O projeto inicial previa um prédio de cerca de R$ 100 mil. O governo até teve acesso, mas por dificuldades de quadro de professores, ele acabou sendo adiado”, relatou.
Foco no ensino
Ao completar dez anos de atuação em Lajeado em 2024, o IFSul celebra trajetória marcada pelo crescimento e pela consolidação como referência em educação pública e gratuita no Vale do Taquari. A diretora do campus, Cláudia Redecker Schwabe, destacou os principais marcos dessa história, reforçando a missão social da instituição.
O campus iniciou suas atividades em 2014, com aulas noturnas realizadas na Emef Campestre. Três anos depois, em 2017, foi inaugurada a sede própria no bairro Olarias. Desde então, já foram formadas 11 turmas, e a comunidade acadêmica reúne hoje cerca de 730 estudantes.
Os cursos ofertados pelo IFSul de Lajeado vão do ensino médio técnico (em administração e automação industrial) à pós-graduação, passando pela graduação em processos gerenciais – curso que recebeu nota máxima do MEC.
“Essa verticalização do ensino é uma das grandes características dos institutos federais. O aluno pode entrar no ensino médio e seguir até a pós-graduação dentro da mesma instituição”, destaca Cláudia.
Apesar da relevância, a diretora ressalta que muitos moradores ainda desconhecem a natureza pública e gratuita da instituição. “As pessoas ainda perguntam quanto custa a mensalidade. E é importante reforçar. O ensino aqui é gratuito”, afirma.
A direção do campus também reconhece que há espaço para uma maior integração com os bairros do entorno. Embora parte significativa dos estudantes seja oriunda das comunidades de Olarias e bairros vizinhos, a participação da instituição em ações locais ainda é limitada. “Faltam pernas para isso neste momento”, admite Cláudia.

Dois secretários municipais destacaram ações do governo para os bairros / Crédito: Evandro Mallmann
Maior atuação
nas comunidades
Um dos temas abordados durante a participação dos dois secretários municipais foi o fortalecimento das associações de moradores. Elisete Mayer, titular da pasta dos Serviços Urbanos, reconheceu a dificuldade de encontrar pessoas dispostas a assumir cargos de liderança comunitária e destacou o empenho da administração municipal em reativar essa força.
“Todo mundo está muito ocupado, e poucos querem assumir responsabilidades, mas é preciso entender que isso gera pertencimento”, explicou. Segundo ela, a administração municipal tem buscado auxiliar as associações com orientações jurídicas, apoio na organização de reuniões e presença ativa nos bairros, inclusive fora do horário comercial. “Se for preciso nos reunir à noite ou no sábado, estaremos à disposição”, reforçou.
Elisete destacou ainda a importância dessas lideranças no diálogo com o poder público, especialmente no contexto pós-enchente. A criação de núcleos comunitários da Defesa Civil é uma das iniciativas em andamento e deve fortalecer esse vínculo.
Já o secretário Fabiano Bergmann lembrou que, em situações de crise, como na enchente de maio de 2024, o apoio das lideranças comunitárias é essencial. “Quem mora na comunidade conhece melhor suas necessidades. Por isso, as associações são fundamentais, não apenas para momentos de crise, mas como um canal permanente entre os moradores e o governo”, completou.
Atuação
direta
Vereador mais votado da história de Lajeado, Jones Vavá tem dividido sua atuação entre os bairros Campestre e Santo André, onde também mantém um gabinete móvel. Morador do Santo André, bairro onde nasceu e viveu a maior parte da vida, também mantém residência e ponto comercial no Campestre, o que garante a ligação direta com as duas comunidades que representa com mais ênfase.
“A ideia sempre foi trazer o Legislativo mais perto da comunidade”, explica o parlamentar, que atende moradores três vezes por semana em um espaço localizado em frente à Escola Santo André. Nos demais dias, circula com um gabinete itinerante por diversos bairros da cidade.
Próximos debates:
MAIO/2025
Bairros: Conservas e Jardim do Cedro
Data: 21 de maio
Local: Ginásio da Associação de Moradores do Jardim do Cedro
JUNHO/2025
Bairros: Jardim Botânico e Montanha
Data: 18 de junho
Local: A definir
JULHO/2025
Bairros: Bom Pastor e Conventos
Data: 16 de julho
Local: A definir