Volta dos passeios depende de aporte para ferrovia

INFRAESTRUTURA FERROVIÁRIA

Volta dos passeios depende de aporte para ferrovia

Estado convoca reunião com Amturvales para apresentar plano de retomada de atração turística regional. Primeira etapa seria trecho de 13 quilômetros entre Muçum e Vespasiano Corrêa

Volta dos passeios depende de aporte para ferrovia
Vale do Taquari

O vice-governador do RS, Gabriel Souza, convocou para esta tarde, às 16h, uma reunião com os presidentes das associações de Turismo da Região dos Vales (Amturvales), Rafael Fontana, e Preservação Ferroviária (ABPF), Marlon Ilg. O encontro aborda a possibilidade de retomada parcial do trem turístico no Vale do Taquari, especialmente o trecho de 13 quilômetros que inclui o Viaduto 13, em Vespasiano Corrêa.

A expectativa da região é por um anúncio concreto, mas ainda há incertezas. “Esperamos uma definição, não sabemos nem como vai ser. O que queremos entender é de onde vem o dinheiro para a reforma e quais os próximos passos”, afirma Fontana.

Como a Rumo Logística, responsável pela concessão, antecipou que irá devolver mais de 70% da malha gaúcha à União, a dúvida está em de onde sairá o aporte financeiro para recuperar as ferrovias. “Queremos saber se terá algum recurso da empresa, pela multa por devolver a concessão, se poderemos ter acesso a uma parcela do Funrigs (Fundo da Reconstrução”, antecipa o presidente da Amturvales.

A operação do trem turístico está suspensa desde as enchentes de 2023, que danificaram mais de 23 km dos 46 entre Guaporé e Muçum. A retomada completa exigiria investimentos estimados em R$ 300 milhões. A alternativa de recuperar apenas os 13 km, considerada mais viável no curto prazo, enfrenta obstáculos técnicos e financeiros. “Tem que recuperar o Viaduto 13, pois ele não está liberado. Esses são os detalhes que precisamos tratar”, reforça Fontana.

Mesmo com um aporte para a retomada gradual, Fontana destaca a importância de um projeto para o percurso total. “Precisamos de um projeto maior. Claro que os primeiros 13 quilômetros podem representar a volta da atração. Porém, é preciso participação dos entes públicos, pois os danos foram causados pela inundação de maio.”

Na análise dele, o trem turístico é mais do que um símbolo histórico, é uma ferramenta de desenvolvimento econômico e turístico do Vale. De 2019 a 2023, mais de 112 mil pessoas fizeram o trecho de 46 quilômetros de Guaporé a Muçum. A atração era vendida por 214 agências de turismo no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A suspensão dos passeios afetou hotéis, restaurantes, guias turísticos e outros negócios que dependiam do fluxo de visitantes.

Em entrevista na semana passada, o vice-governador, Gabriel Souza, adiantou que o retorno parcial pode ser mais ágil que a reestruturação da malha completa. “São intervenções menos complexas, com menor demanda de recursos. Mas o trajeto integral exige engenharia pesada e alto investimento.”

Relembre

A malha ferroviária do RS conta com 3,8 mil km. Destes, 1,8 mil são da Rumo Logística até 2027. Antes das enchentes, apenas 921 km estavam operacionais. Após os danos de 2023, nenhum trecho segue em uso. A concessionária apresentou proposta para devolver trechos do norte gaúcho, mantendo apenas a ligação entre Cruz Alta e Rio Grande.

O Ministério dos Transportes, por meio de grupo de trabalho, prometeu apresentar uma decisão sobre o futuro da concessão até junho.

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