Sua vida teve uma mudança que, segundo você, valeu a pena. Que mudança foi essa?
Nós morávamos no interior, e um dia minhas filhas me pediram para nos mudarmos para a cidade. Foi por elas que tomamos essa decisão. Eu e minha esposa deixamos tudo para trás, e começamos uma nova vida. Eu só tinha até a quinta série, então as opções de trabalho eram poucas. Felizmente, o hospital nos deu uma chance. Deu. Já são anos atuando aqui.
Sua esposa também trabalhou no hospital?
Trabalhou por 13 anos. Depois saiu pra cuidar do nosso netinho, o Benjamim. Foi uma alegria imensa quando ele nasceu. A vinda pra cidade mudou a nossa vida. E valeu muito a pena, porque hoje as nossas filhas são médicas. A Ramona tem uma clínica aqui em Lajeado, junto com o marido, que é dentista. A outra, a Rafaela, é clínica-geral em Capão da Canoa. Quando olho pra elas, vejo que todo o sacrifício teve sentido. A gente não tinha muito, mas tinha um propósito. A verdadeira vitória é ver quem a gente ama feliz.
E você segue firme na recepção do hospital?
Com muito orgulho. Mais de uma década só na recepção. Já passei por outros setores, mas aqui eu me encontrei. Recebo centenas de pessoas por dia. Para mim, o trabalho só é trabalho quando a gente não gosta do que faz. E eu gosto. Eu me encanto com o que faço, com cada pessoa que entra ali. Tento fazer com que se sintam bem, acolhidas. Isso faz toda a diferença.
Qual o sentimento que você tem pelo HBB?
Orgulho e carinho. Porque é um time. Cada um veste a camiseta. A Acreditação Ouro, por exemplo, é mérito de todos. Me sinto parte dessa conquista. E tudo isso me motiva a continuar. Porque se o paciente vem até aqui, é porque confia. E a gente precisa estar preparado para receber com respeito e responsabilidade.
Como você avalia a sua trajetória?
Como uma estrada cheia de buracos, de noite, com chuva. Difícil. Mas quando tu passa por ela e chega no fim, vê que valeu a pena. Eu não tenho casa de R$ 2 milhões, nem um carro de luxo. Meu castelo é um apartamento de 56 metros quadrados. Meu carro vale R$ 50 mil. Mas eu vivo bem. Porque o que eu queria de verdade era dar o melhor para as minhas filhas. E consegui. Valeu a pena. Com esforço, sacrifício e amor pelo que se faz, chegamos lá.