Não existem pacientes iguais. Isso, nós médicos, já sabíamos! Mas a oncologia — especialidade médica que trata o câncer — tem nos mostrado, na prática, que essa individualidade vai muito além do que imaginávamos. O tratamento do câncer tem evoluído de forma rápida e cada vez mais precisa.
Ao longo dos últimos anos, testemunhamos o surgimento e a consolidação de terapias-alvo e da imunoterapia, revoluções que mudaram, para melhor, a expectativa e a qualidade de vida de muitos pacientes — inclusive aqueles com doença avançada.
A terapia-alvo é baseada no bloqueio de vias específicas que ativam a proliferação das células tumorais. A partir da análise de mutações, proteínas e receptores celulares, conseguimos identificar os principais “gatilhos” do crescimento do tumor e, assim, bloqueá-los de forma direcionada. Já a imunoterapia utiliza a capacidade do próprio sistema imunológico para reconhecer e atacar as células cancerígenas.
Esse nível de personalização só é possível graças aos avanços em exames moleculares e ao sequenciamento genético de nova geração (NGS). Hoje, conseguimos mapear o perfil genético de um tumor com grande profundidade, identificando alterações específicas que orientam a escolha do tratamento mais eficaz. Em muitos casos, também é possível investigar predisposições hereditárias ao câncer, oferecendo estratégias preventivas para o paciente e sua família.
Ainda assim, os tratamentos já bem estabelecidos continuam com seu papel fundamental. A quimioterapia segue sendo uma aliada importante em diversos tipos de câncer, e a hormonioterapia mantém seu impacto positivo, especialmente em tumores como os de mama e próstata.
Testes moleculares de última geração, painéis gênicos e novas medicações se tornaram nossa realidade. Este é um campo dinâmico que exige estudo contínuo, interpretação criteriosa, responsabilidade e cautela. Não existe receita de bolo: cada paciente, cada tumor e cada contexto são únicos. E esse é justamente o coração da medicina de precisão — conhecer a fundo quem tratamos e como o câncer se comporta em cada organismo, para encontrar a conduta que mais beneficiará cada paciente.
Por Lívia Brancher Gravina
Médica Oncologista
Donum Saúde Integrada
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