Com pontes refeitas, Vale movimenta a economia

UM ANO DA CATÁSTROFE DE maio

Com pontes refeitas, Vale movimenta a economia

O Vale não estava preparado para a tragédia de maio. As águas comprometeram também a logística, com destruição de pontes, estradas e acessos

Com pontes refeitas, Vale movimenta a economia
Foto: FÁBIO KUHN
Vale do Taquari

As enchentes impactaram severamente a infraestrutura do Vale do Taquari, destruindo pontes e comprometendo a mobilidade em toda a região. A comunidade estarreceu quando uma balsa colidiu com a ponte sobre o Rio Taquari, na BR-386.

A água engoliu pontes. A destruição de estradas afetou a produção, o turismo e o comércio. Restabelecer a logística virou prioridade coletiva. Hoje, as pontes reconectam negócios, vidas e estudantes.

A ponte da BR-386 sobre o Rio Taquari, entre Estrela e Lajeado, foi totalmente liberada na tarde de segunda-feira, 14 de abril desteano. Após sete meses de bloqueio parcial na pista norte, o trânsito voltou a funcionar em todas as faixas.

Durante o período em que esteve em obras, a ponte gerou extensos congestionamentos. No dia 5 de março, o A Hora anunciou uma lentidão na rodovia de 5 quilômetros.

Relembre

Em 2 de maio de 2024, a água chegou à ponte, causando temor e espanto na população regional. Longas filas se formaram na BR-386 para a passagem sobre o Rio Taquari, que apesar de tudo, resistiu à força das águas na enchente catastrófica. A travessia demorava até 3 horas em horários de pico.

Ponte de Ferro

Foto: FÁBIO KUHN/ARQUIVO

Entre as obras simbólicas, está a Ponte de Ferro, entre Lajeado e Arroio do Meio. A nova estrutura foi reaberta em 10 de junho, após uma reconstrução em tempo recorde, com a ajuda da iniciativa privada, especialmente da Lyall Construtura.

O motorista de ambulância, Jonas Heidmann, 50, foi o primeiro a passar. Para ele, a travessia foi marcante.  “Sou muito grato por ser o primeiro a passar por ela”, disse na época.

A antiga ponte foi destruída por enchentes em 2 de maio de 2024. A liberação da travessia é um marco na reconstrução do Vale do Taquari e reestabeleceu a conexão vital entre Lajeado e Arroio do Meio.

Ponte da ERS-130

Foto: FÁBIO KUHN

Outro símbolo da reconstrução é a nova ponte da ERS-130, que liga Lajeado a Arroio do Meio. Inaugurada no dia 10 de abril pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), a estrutura teve investimento de R$ 22 milhões e foi erguida em sete meses após a emissão da ordem de início. Construída pela Engedal Construtora de Obras Ltda., a nova ponte tem 172 metros de extensão, 51 a mais que a anterior , e está cinco metros mais elevada.

Ponte de Canudos do Vale

Foto: MATEUS SOUZA

A inauguração da ponte sobre o Arroio Forquetinha, em Canudos do Vale foi muito festejada. A estrutura foi uma das mais atingidas pelas chuvas de 2024. Destruída na enchente de 1º de maio, foi reconstruída e inaugurada em 26 de abril. Com 70 metros de comprimento e 7,2 metros de largura, a obra foi financiada com R$ 3,276 milhões do MIDR, por meio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec). O tráfego foi restabelecido e, mais do que isso, a ponte simbolizou a superação da comunidade. Os primeiros veículos a cruzá-la foram um carro da Brigada Militar, uma ambulância e um caminhão com uma banda — representando a proteção, a vida e a alegria.

Municípios conectados

Foto: DIVULGAÇÃO

Houve muito esforço de entidades empresariais e lideranças para reconectar as estruturas. A Câmara da Indústria e Comércio (CIC) coordenou a reconstrução de 10 pontes, com apoio do programa Reconstrói-RS.

Pontes dos municípios de Anta Gorda, Arroio do Meio, Coqueiro Baixo, Doutor Ricardo, Encantado, Ilópolis, Pouso Novo, Putinga, Relvado, Travesseiro e Santa Tereza, foram refeitas, movimentando novamente a economia dos locais.

Brochado da Rocha: “A ponte é simbólica para os pequenos alunos”

A ponte rodoferroviária Brochado da Rocha, que liga Muçum a Roca Sales, foi oficialmente inaugurada a 8 de março de 2025, após ser reconstruída e reaberta para o tráfego de veículos.  A obra teve um custo de R$ 9,6 milhões, financiados pelo governo federal. A ponte não só facilitou a vida de motoristas como de pequenos estudantes.

Foto: DIVULGAÇÃO

Na EMEF Castelo Branco, a poucos metros da ponte Brochado da Rocha, em Muçum,os alunos caminham pela avenida, de mãos entrelaçadas. A professora Bárbara Gomes coordena o passeio, para voltarem em segurança à escola.

A ponte se torna gigantesca ao lado das crianças. A estrutura, vital para Roca Sales e Muçum, voltou a ser liberada em março de 2025. Se tornou um símbolo também para os pequenos. “Com a ponte refeita, as crianças não precisam mais caminhar pelos trilhos até chegar à escola. Os pais as trazem de carro”, salienta Bárbara que se emociona com a reconstrução da cidade.

BÁRBARA GOMES

A professora sonhava em atuar na escola e, quando conquistou a vaga, a enchente inundou a estrutura em setembro. E, em maio, novamente. “Foi um choque, as crianças perderam seu segundo lar”, relembra. Hoje, cem por cento delas voltaram às aulas presenciais. “A ponte reconstruída mostra um pouco de nossa história. Estamos voltando ao eixo”, sorri Bárbara.

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