Um ano depois da tragédia, filho ainda espera encontrar mãe

CHEIAS DE 2024

Um ano depois da tragédia, filho ainda espera encontrar mãe

O corpo de Diana Alvez Meireles, moradora do Passo de Estrela, nunca foi encontrado. Um ano depois da última conversa, o filho Paulo Everton Fiel visita o local da antiga casa da família

Um ano depois da tragédia, filho ainda espera encontrar mãe
Foto: Rodrigo Martini
Cruzeiro do Sul

A última vez que Paulo Everton Fiel viu a mãe, Diana Alvez Meireles, foi no dia 30 de abril de 2024. O encontro foi na casa da família, no Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul. “Almocei com ela e arrumamos as coisas. Ela me disse para ir a Lajeado e ajeitar o meu apartamento, que tinha sido atingido pela enchente em 2023”, conta Paulo.

Diana ficou em Cruzeiro com o caseiro, o Ninja. “Até aquele momento, a enchente não tinha previsão de ser maior que a de setembro, eu estava tranquilo. Não estava preocupado com ela”, lembra. Em Lajeado,  a água começou a invadir o prédio de Paulo, no Hidráulica.

A mãe Diana Meireles

“Fiquei ilhado no apartamento. A água começou a subir e a previsão da cheia mudou. Todos os vizinhos de Cruzeiro saíram, mas a mãe não quis sair. Ela tinha uns sete cachorros aqui e não queria deixar eles. De noite, ela me ligou dizendo que a água estava no pátio. Mas ela disse que estava tranquila, que conversaríamos na sexta”, relembra. Paulo ligou para a Defesa Civil e pediu resgate para a mãe.

“Só tive noção do que aconteceu no sábado, quando vim até a escola do Morro 25, na divisa entre Cruzeiro e Lajeado. Para chegar no bairro, aqui onde era a casa, levei 43 dias. Hoje não existe mais nada”. A família de Paulo tinha história no Passo de Estrela, a casa era centenária e foi comprada pelo avô dele em 1927, a mais antiga do bairro.

Diana e o caseiro, o Ninja, nunca foram encontrados. “Eu procurei pela mãe em todos os abrigos do Vale do Taquari e até na Região Metropolitana. O corpo também não foi achado e o processo de declaração de óbito demora anos. Costumo dizer que tenho 1% de esperança dela estar viva. Ela sofria com Alzheimer, então talvez esteja em algum lugar. Ainda pago a conta do telefone dela, que foi junto com a enchente, talvez alguém ligue um dia. A chance é 99% conrária, mas a esperança é a última que morre.”

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