O mercado de trabalho passa por uma transformação acelerada. Profissionais que combinam habilidades técnicas com adaptabilidade, comunicação e resiliência emocional se destacam.
Em contrapartida, aqueles que resistem a mudanças, evitam colaboração ou negligenciam a própria formação enfrentam dificuldades. É o que afirmam profissionais de Recursos Humanos, consultores e empresários.
Ainda que a região enfrente escassez de mão de obra desde setores operacionais como estratégicos, uma carreira de sucesso repete alguns padrões. É o que afirma a instrutora do Dale Carnegie, Elisângela Schneider.
Para ela, ser flexivel, ter uma postura de busca por inovações dentro do ofício e ter habilidade em se relacionar para evitar conflitos internos são qualidades imprescindíveis frente a dinâmica profissional.
A psicóloga Silvia de Vargas, consultora especialista em cultura organizacional, acrescenta: “quem só enxerga obstáculos, vai ter dificuldade inclusive de contribuir com a equipe”. Neste sentido, nem mesmo a formação superior ou técnica será suficiente para manter o profissional na carreira. “É preciso unir domínio técnico e posicionamento assertivo.”
Conforme a psicóloga Janaína Schneider, integrante da Central de Carreiras da Univates, também há outra postura fundamental: buscar por qualificação e melhoria constante. “O profissional não pode mais esperar que a empresa decida por ele. Precisa ser protagonista da própria carreira”, afirma.
Na análise das especialistas, empresas do Vale do Taquari têm ampliado programas para qualificação e requalificação. Na segunda edição da pesquisa RUMO – O Futuro da Mão de Obra, feita entre 16 de fevereiro e 28 de março de 2024, mais de 96% das empresas da região consideram treinamentos essenciais. Por outro lado, 13,7% não adotam políticas internas de estímulo na formação de funcionários.
A iniciativa do RUMO – O Futuro da Mão de Obra é do Grupo A Hora e conta com o patrocínio de Cascalheira Stone Garden, Colégio Evangélico Alberto Torres, Sicredi, Univates, Rhodoss Implementos Rodoviários, Metalúrgica Hassmann, Dale Carnegie, Tomasi Logística e Construtora Giovanella.
Seleção mais criteriosa
A gestora de RH da rede de supermercados STR, Suelen Dal Paz Girardi, conta que critérios comportamentais passaram a ser mais analisados na hora de contratar e também na substituição de pessoas já no mercado de trabalho.
Com cinco unidades na região, os supermercados têm mais de 500 funcionários. “Tivemos um colaborador com sete anos de casa que se recusou a aprender o novo sistema de gestão de estoque. Alegou que ‘já sabia trabalhar do jeito antigo’. Em três meses, foi substituído por um jovem de 22 anos que dominou a ferramenta em uma semana”, conta.
Segundo ela, um dos principais desafios hoje na gestão das equipes é o dilema entre experiência e adaptabilidade. “Antigamente, o tempo de casa era um diferencial. Hoje, avaliamos como o candidato reage a mudanças ainda na entrevista”, frisa Suelen.
Cargos operacionais que antes exigiam “agilidade e força física” agora demandam “trabalho em equipe e empatia”, diz. Para Suelen, essa transformação está inclusive na forma de se relacionar. “Um repositor de mercadorias hoje precisa entender que um colega pode ser mais lento por uma série de fatores. Em vez de criticar, deve ajudar. A capacidade de se colocar no lugar do outro virou requisito.”
Para cargos de liderança, a inteligência emocional se tornou crucial. “Um supervisor que não consegue se manter estável emocionalmente contamina toda a equipe. Recentemente, promovemos uma jovem de 25 anos a gerente não pelo conhecimento técnico, mas pela habilidade de mediar conflitos”, relata a gestora.
Na indústria, o cenário se repete. Conforme o diretor da Fontana S.A, Maurício Ecker Fontana, a dificuldade em aprender gera baixas na equipe.”Um encarregado com 15 anos de experiência foi desligado após insistir em planilhas manuais, ignorando o sistema integrado. Seu substituto, um técnico em logística recém-formado, reduziu o tempo de conferência de cargas em 40% usando a nova plataforma.”
Os profissionais que as empresas evitam
- Especialista do passado
- Tem experiência, mas em ferramentas e métodos ultrapassados.
- Antitecnologia
- Recusa-se a aprender o básico de plataformas digitais e no uso de Inteligência Artificial.
- Ego inflexível
- Não aceita feedbacks e acredita que a experiência basta.
- Centralizador de tarefas
- Não delega e trava o fluxo de trabalho.