Memória e pertencimento

segredo da infância

Memória e pertencimento

Conversa revelou os bastidores do projeto “Releitura da Escadaria de Azulejos”, realizado em homenagem aos 110 anos de Encantado

Memória e pertencimento
Professora Lisi, Luis Fernando, Joaquim, Ana Fausta e Ana Júlia com as maquetes da escadaria produzidas pelos alunos. (Foto: Diogo Fedrizzi)
Encantado

O 19º episódio do programa O Segredo da Infância, da Rádio A Hora em parceria com o Espaço Flores.Ser, foi marcado por emoção, memória e pertencimento. O estúdio recebeu a professora Lisiane Maria Chanan Christ e os alunos Ana Júlia Potrich, Luis Fernando Schuck e Joaquim Caetano Brum, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Porto Quinze, de Encantado. A conversa com a mediadora Ana Fausta Borghetti revelou os bastidores do projeto “Releitura da Escadaria de Azulejos”, realizado em homenagem aos 110 anos do município.

Localizada entre as ruas Monsenhor Scalabrini e Júlio de Castilhos, a escadaria foi revitalizada em 2018 com restos de azulejos, em um trabalho voluntário do projeto Minha Cidade Mais Bonita. Desde então, o espaço passou a integrar os pontos turísticos de Encantado.

Essa história inspirou os alunos. “A proposta era que fizéssemos algo para lembrar o aniversário de 110 anos de Encantado. Pensamos na escadaria de azulejos, porque não é um dos pontos turísticos mais conhecidos”, contou Ana Júlia.

A ideia inicial era pintar desenhos. Depois, evoluiu para a construção de uma pequena maquete com caixa de leite. “Mas não era o que eu imaginava. Na minha cabeça era ir além”, disse a professora Lisi. A virada aconteceu quando o aluno Inácio levou para a escola uma maquete maior, feita em casa com apoio da mãe. “No dia seguinte, vimos uma escada mais bonita e decidimos adotar a ideia do Inácio e da mãe dele”, completou Ana Júlia.

A maquete cresceu junto com o projeto. Os alunos se aprofundaram na história do lugar, visitaram a escadaria e outros locais com intervenções artísticas, como o painel da Igreja Matriz e o viaduto do Santo Antão. “O meu colega Miguel deu a ideia da gente chamar as idealizadoras que revitalizaram a escada para conversar com a gente”, relatou Luis Fernando.

Assim, a escola recebeu a visita da arquiteta Daniela de Conto, da professora aposentada Angela Reale e dos artistas Adelton e Bruno. “Eu confesso que quando eu não conhecia a história da escadaria, eu pensava: ‘poxa, é só uma escadaria normal, colorida’. Agora que já sei da história e do esforço, eu reconheço que a escadaria é um símbolo de esforço”, disse Joaquim.

A interdisciplinaridade esteve presente em todas as etapas. “Usamos matemática para encontrar as medidas, português para se comunicar certo com os colegas, trabalho em equipe e geometria”, lembrou Joaquim. O projeto foi desenvolvido na escola, mas contou com forte envolvimento das famílias. “A maquete foi construída em casa. A decoração, sim, foi feita em sala de aula, fazendo a releitura da obra”, explicou a professora.

A escuta ativa e o acolhimento das ideias foram centrais para o sucesso da atividade. “O que eu trago para nós pensarmos é o quanto nós educadores precisamos estar abertos para ouvir. A partir de uma caixinha, de um pintar na folha do papel, nasceu esse projeto lindo”, refletiu Lisi. Para Ana Júlia, a vivência deixou marcas. “A partir do momento que conhecemos a história da escada, o esforço que os voluntários tiveram, ela passou a ter mais valor. Sempre cuidei, mas agora vou cuidar mais ainda.”

A mediadora Ana Fausta destacou a importância de saber que tem pessoas de Encantado que tiram o tempo para fazer um trabalho como esse. “Elas doam o seu tempo em prol da comunidade. É assim que se constrói uma cidade, uma cultura”, enfatizou. A experiência da EMEF Porto Quinze mostra como a escola pode fortalecer vínculos com a cidade. “É um conhecimento para o resto da vida. O maior ensinamento é que todos possuem saberes diferentes, e quando a gente une esses saberes é de uma riqueza muito grande”, concluiu a professora Lisi.

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