Uma empresa 100% brasileira, que cultiva um legado familiar e se reinventa em meio a inovação e a sustentabilidade. A Docile foi fundada em 1991, em Lajeado, mas sua história começou muito antes, quando Natalício Heineck introduziu a família na produção de doces. A tradição foi levada adiante por seus filhos, Nestor e Paulo, e hoje é tocada com espírito empreendedor pela terceira geração: os irmãos Ricardo, Fernando e Alexandre.
“Começamos com uma loja de balas e depois viramos distribuidora. No início, meu pai não queria ser uma indústria, mas os filhos insistiram”, lembra o atual presidente da empresa, Ricardo Heineck. O que antes era uma pequena fábrica montada com um equipamento de embalar usado e um misturador improvisado, hoje tornou-se uma empresa de doces de referência mundial.
“Reinvestimos 100% dos lucros na empresa até 2016. Tudo o que tínhamos estava ali”, conta Ricardo. A mudança de mentalidade veio com o apoio do conselho consultivo, criado em 2010, que orientou os sócios sobre a importância de diversificar os investimentos e garantir a sustentabilidade pessoal e institucional a longo prazo.
Hoje, a estrutura da Docile impressiona. A empresa opera com tecnologia de ponta, automação e mais de 2,6 milhões de quilos de doces produzidos por mês. Produz mais de 2,6 milhões de quilos de guloseimas por mês, atendendo todo o mercado brasileiro e exportando para mais de 50 países. Os processos e produtos são certificados pela British Standards Institution Brasil (BSI Brasil) com o selo ISO 9001. Além disso, a Docile foi a primeira empresa de seu segmento a conquistar e ter renovada a reconhecida certificação internacional de segurança de alimentos FSSC22000.
Origem do nome
O nome “Docile” foi fruto de uma transição estratégica. Antes chamada Glucoamido, por comercializar glicose e amido, a empresa buscava um nome mais sonoro e internacional. “Docile tem boa sonoridade em português, italiano, espanhol e inglês. E remete a doce. Foi uma escolha muito feliz”, explica Ricardo. A identidade visual também tem raízes na história familiar. O formato que circunda a marca representa o “splash” da massa de bala ao ser jogada sobre a antiga mesa de mármore da fábrica, como fazia Nestor.
A governança também evoluiu. O conselho se mostrou um divisor de águas. “Nos ajudou a identificar nossas deficiências e focar em vendas. Nada adianta ter o melhor produto se não houver comercialização. Trouxemos conselheiros especializados e evoluímos muito em gestão e marketing. Quem pode ter um conselho, tenha”, destaca.
Além da excelência operacional, a Docile aposta na sustentabilidade como valor. Recicla mais de 97% dos resíduos sólidos, trata e reutiliza a água e evita a emissão de mais de 750 toneladas de CO² por ano.
O programa “O Meu Negócio” foi apresentado por Rogério Wink e transmitido ao vivo na Rádio A Hora 102.9 e nas plataformas digitais. Tem o patrocínio de Marcauten, Dale Carnegie, Black Contabilidade, Motomecânica, Sunday Village Care, Construtora Giovanella, Pórtico Pré-fabricados, Lajeado Imóveis, Construtora Diamond, BIMachine, Lorenzon Plásticos, e Sheeren e Perosso Gestão Tributária.
Doces Sonhos que Embalamos
por Charles e Tânia Tonet
A história de 80 anos de dedicação da família Heineck à produção de guloseimas é retratada em “Doces Sonhos que Embalamos”. Neste livro, os autores remontam a história da fabricação de açúcar no Brasil, passando pelo desenvolvimento das indústrias de balas, a criação da primeira fábrica da família, de Natalício Heineck, até chegar ao desenvolvimento da Docile. É uma oportunidade de conhecer a família e descobrir a história de uma empresa sólida e que trabalha com um produto especial.
Entrevista • Ricardo Heineck – Presidente da Docile
“As diferenças podem ser complementares”
Wink – Qual a importância da família para quem se tornou um profissional e empreendedor tão importante para nossa cidade e mercado?
Ricardo – A gente sempre ouve que a família é a base da sociedade e é uma coisa realmente fundamental. Felizmente temos o pai e a mãe vivos. O pai como um exemplo de trabalhador, de humildade, e a mãe sempre segurando as pontas com a família. Só tenho a agradecer por tê-los junto com a gente. Assim como a herança que eles deixaram de respeito, humildade, força de trabalho… é realmente a base de tudo.
Wink – Onde tu estudaste? A tua mãe é professora, chegaste a ser aluno dela?
Ricardo – Não fui, somente os meus irmãos. A mãe sempre foi uma batalhadora, super decidida. Uma mulher forte que permitiu que o pai tivesse a dedicação para o negócio. Estudei no Grupo Florestal, depois no João Batista de Mello, Castelinho. Depois comecei em engenharia mecânica, meio ano de administração na PUC, depois passei no Banco do Brasil, onde trabalhei por três anos e nove meses.
Wink – O que te levou a sair do Banco?
Ricardo – Na verdade, o pai nunca foi um estimulador de trabalharmos no negócio, talvez por não querer misturar a questão da família. Na época, trabalhar no Banco do Brasil foi muito bom, era um concurso super concorrido. Foi meio que a minha salvação. Mas em um determinado momento, o pai me convidou para voltar e trabalhar na Florestal. Como eu não gostava tanto da rotina do banco, acabei abraçando um desafio novo.
Wink – Da Florestal que área tu desenvolveu e que experiências foram importantes para tu utilizar na Docile?
Ricardo – Eu cheguei na empresa assumindo a parte de compras. A empresa era pequena ainda, então foi bonito assumir a parte de compras. Tive que aprender as coisas na marra e, como comprador, adquiria embalagens, negociava contratos… mas vendo as embalagens, que deixavam a desejar na parte estética, me questionava sobre pagar a mesma coisa por um layout feio ou bonito. Então, comecei a me envolver um pouco mais na questão de marketing, desenvolvendo embalagens e produtos. Foi um aprendizado bacana que tive, um movimento que me ajudou muito na construção e na história. Hoje, temos uma Docile muito focada em desenvolvimento de produto.
Wink – Como é trabalhar com o Fernando e o Alexandre? A relação dos irmãos, como é?
Ricardo – Nós somos muito diferentes, mas o que sempre tivemos é respeito. Temos ideias muito diferentes sobre tocar o negócio. Faz alguns anos, contratamos uma psicóloga que ajudou a entender, efetivamente, que as diferenças podem ser complementares. Falar é fácil, mas na prática era uma dificuldade. Nós somos sócios há 38 anos, desde a época da pequena lojinha de bala. E todas as decisões que tomamos até hoje, mesmo que em alguns momentos um ou outro teve que engolir um “sapinho”, foi em comum acordo. A gente nunca precisou fazer uma votação. Isso tanto entre nós três quanto no conselho.