Pela primeira vez em Lajeado, o Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) desenvolve o projeto Mulheres Mil, um programa do Governo Federal voltado à formação profissional de mulheres em situação de vulnerabilidade social. A iniciativa oferece o curso de assistente administrativo, com duração de três meses, gratuito e com bolsa-auxílio de R$ 18 por dia para garantir a permanência das participantes.
As aulas ocorrem de segunda a quinta-feira, das 8h às 11h30min, na sede do IFSul Câmpus Lajeado, com foco em conteúdos da área de gestão. As inscrições para as últimas vagas disponíveis seguem até esta quarta-feira, 30. Podem participar mulheres a partir dos 16 anos que saibam ler e escrever.
De acordo com Laura Imbriaco, coordenadora do programa Mulheres Mil, a proposta é oferecer novas perspectivas profissionais para mulheres que, muitas vezes, enfrentam dificuldades de acesso ao mercado de trabalho. “A ideia é que elas saiam formadas para que possam almejar empregos maiores. Algumas já estão no mercado de trabalho e buscam melhorias. Por isso o curso é gratuito e oferece a bolsa-auxílio, priorizando mulheres com baixa escolaridade e maior vulnerabilidade”, destaca.
O projeto conta com uma equipe multidisciplinar que acompanha de perto o desenvolvimento das alunas. A supervisora Helena Miranda da Silva observa mudanças significativas desde o início do curso. “Elas estão saindo de uma situação de vulnerabilidade e descobrindo alternativas, como o estudo. Um dos objetivos é trazê-las de volta à escola e mostrar que há perspectivas de vida, de novos cursos e da construção de um coletivo no qual elas não se sintam sozinhas”, explica.

Técnico administrativo, William Junior Sperb; psicóloga Suelen Miglioransa, supervisora do programa, Helena Miranda da Silva, coordenadora do programa Mulheres Mil, Laura Imbriaco e a diretora do IFSul Câmpus Lajeado, Cláudia Redecker Schwabe
A psicóloga Suelen Miglioransa, integrante da equipe multiprofissional, reforça que o foco é garantir que as participantes possam se manter no curso. “Articulamos com a rede de serviços e equipamentos da Assistência Social para que essas mulheres tenham o apoio necessário. Muitas foram diretamente atingidas pelas enchentes recentes e precisam desse acolhimento para retomar suas vidas com autonomia.”
Entre as participantes, histórias de superação se multiplicam. Rubiane Moniz Damacena Vogt, 24, moradora do bairro Floresta, vê no curso um recomeço. “Quero melhorar o currículo e abrir oportunidades para crescer profissionalmente. Mesmo com a rotina intensa de cuidar da minha filha de um ano, concilio tudo para estudar. Sonho com uma faculdade e um futuro melhor”, relata.
Tamara Brudna Galvão, do bairro São Cristóvão, conheceu o projeto por meio do CRAS. Após perder a casa nas enchentes, hoje mora com os três filhos. “O curso não trabalha apenas a escrita, mas também o psicológico. Nos faz olhar para o nosso lado mulher, mãe e empreendedora. Me sinto mais confiante para voltar ao mercado de trabalho após 11 anos”, conta. Para ela, a formação representa um futuro melhor para a família. “Quero mostrar aos meus filhos que todos têm direito a uma oportunidade.”
O encerramento do curso está previsto para o mês de junho, com formatura das alunas. O Mulheres Mil, além de qualificar profissionalmente, tem cumprido um importante papel de empoderamento e reconstrução para mulheres de Lajeado.