Lixeiras lotadas, lixo em frente às casas e muitos questionamentos por parte da população. Quinze dias depois da troca da prestadora do serviço de coleta e transporte, as críticas pelo serviço de coleta e transporte do lixo são ouvidas em diferentes bairros.
“Aqui o caminhão passava nas segundas, quartas e sextas. Então, coloco o lixo em frente de casa pela manhã destes dias, por volta das 6h. A maioria dos vizinhos faz a mesma coisa. Hoje (quinta-feira, 24 de abril), a rua toda está cheia de lixo, pois as sacolas continuam no mesmo lugar”, diz a moradora do bairro Bom Pastor, Rosângela Chagas.
Ao longo da rua Felipe Schneider, foram retiradas as lixeiras e cada morador coloca os resíduos em cestas próprias, pendurados no portão, ou na calçada. Ao longo de toda a via, que vai da ligação da BR-386 até as adjacências da Av. Benjamin Constant, há acúmulo de lixo.
“Lixo jogado, não tem lixeira, fica tudo no meio da rua. Parece que a coleta vem quando quer. Mas na hora de cobrar, está na taxa do IPTU”, critica o morador da Osvino Neumann, no Bom Pastor, Ivo Carvalho.
O cenário se repete em outras localidades da cidade. Nos bairros Moinhos D’Água, Olarias, Florestal, Centro, Alto do Parque, houve relatos de problemas na coleta. Conforme a ouvidoria do município, foram 18 notificações de moradores ao longo deste mês.
Cobrança sobre o Executivo
Para o promotor de Justiça João Pedro Togni, a situação exige medidas urgentes. O Ministério Público acompanha o caso desde o início da transição e instaurou expediente para verificar a legalidade e a regularidade da prestação do serviço.
“O serviço público, por definição, precisa ser bem prestado desde o primeiro dia. A empresa que assume esse contrato tem que estar preparada, saber onde vai operar, e dar conta da demanda. Quando isso não acontece, há violação de direitos do cidadão”, afirma Togni.
Segundo ele, não está descartada uma possível judicialização do caso. “Se nas vias extrajudiciais não se resolver, pode haver encaminhamento para ações judiciais. Hoje há diálogo direto com a prefeita municipal e com o secretário de Meio Ambiente. Estamos cobrando do município quais as providências concretas que pretende adotar para resolver o problema.”
Uma reunião entre o MP e o governo municipal estava agendada para hoje à tarde. Segundo Togni, a expectativa é que o encontro defina prazos e responsabilidades claras. “A administração alega que a empresa teve problemas com caminhões e motoristas. Mas, independentemente disso, a obrigação de prestar um serviço adequado continua sendo do município, mesmo quando terceirizado.”

No Bom Pastor, moradores afirmam que colocaram o lixo no início da manhã de quarta-feira. Às 17h de ontem, ainda não havia ocorrido a coleta. (FOTOS: Filipe Faleiro)
Problemas mecânicos e falta de pessoal
Por meio de mensagem, o secretário de Meio Ambiente, Luís Benoit, confirmou que nesta semana houve falhas operacionais, com dois caminhões com problemas mecânicos ontem à noite (quarta-feira) e hoje (quinta) pela manhã. Também houve dificuldades com a nova mão de obra, o que comprometeu o cumprimento das rotas.
Benoit afirma que a orientação é para que os moradores entrem em contato diretamente com a prefeitura pelo canal de limpeza pública. O contato é via WhatsApp, pelo (51) 99596 9849.
Contrato emergencial
Duas empresas foram contratadas para a coleta e o transporte. Uma é a Coleturb, para os resíduos sólidos urbanos. Ela assumiu em 13 de abril após o encerramento do vínculo com a Compacta, que atuava desde 2018. A outra, para a coleta seletiva é a GLV Urbanização e Serviços.
Os contratos emergenciais tem validade de seis meses, podendo ser prorrogado até a finalização da nova licitação definitiva. O valor global para as duas prestadoras alcança R$ 2,7 milhões.
O relato dos problemas é com relação a coleta dos resíduos sólidos. A empresa opera com sete caminhões compactadores e uma equipe de 30 colaboradores diretos, com escalas para turnos diurnos e noturnos. O cronograma de coleta é dividido durante a semana, com rotas distribuídas nos bairros conforme volume e frequência.
Volume de lixo
A cidade teve um aumento expressivo da geração de resíduos. Em 2022, o aterro sanitário recebeu cerca de 19,9 mil toneladas de lixo. No ano seguinte, esse número subiu para 23 mil. Em 2024, foram 34,9 mil toneladas — um crescimento de 75,3% em apenas dois anos.