Leite quer ser presidente ou senador em 2027

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Leite quer ser presidente ou senador em 2027

O governador Eduardo Leite (PSDB) realizou ontem a quarta visita ao Vale do Taquari só neste ano. Cedo da manhã, o chefe do Executivo estadual atendeu à imprensa regional, celebrou com líderes regionais os recentes avanços do Hospital Bruno Born, e, por fim, visitou um dos pontos mais emblemáticos – e trágicos – da histórica enchente de maio de 2024, o devastado bairro Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul.

Mais uma vez, Leite deixou a boa impressão de um governador cada vez mais próximo dos municípios. Talvez por já ter sido prefeito, talvez pelas necessidades geradas a partir das catástrofes, ou talvez por estratégia política, o fato é que ele tem sido citado como um dos governadores mais “municipalistas” da recente história do Rio Grande do Sul. É um capital político e tanto para quem almeja voos maiores.

E Leite deixou claro, na entrevista concedida nos estúdios da Rádio A Hora, que está pronto para ser candidato a presidente ou senador em 2026. Portanto, novas visitas e roteiros devem ocorrer naturalmente nos próximos meses. E que saibamos aproveitar toda essa proximidade e solicitude para lutar pelas nossas demandas.

Pena dura para um erro conhecido

A decisão judicial que pode custar a tão desejada cadeira legislativa de Antônio Oliveira (Podemos) é dura. E pode configurar uma certa injustiça contra o vereador de Lajeado, eleito com muito esforço e com apoio de 649 eleitores em 2024. Afinal, é justo que ele pague pelo erro jurídico de quem deveria evitar erros jurídicos? No caso, a escolha do partido por uma candidata inelegível para compor a Cota de Gênero na nominata. É uma questão pertinente. Mas a regra é clara. E já foi assim com o ex-vereador Adriano Rosa, cassado na legislatura passada em função de um outro problema envolvendo a mesma Cota de Gênero.

Aliás, os dois vereadores possuem uma outra importante semelhança. Ambos representam os bairros mais carentes. E são vozes da periferia que, por erros de organização partidária, foram (ou podem ser) dolorosamente caladas em função das claras e conhecidas regras eleitorais. “Um erro de outros termina com o sonho de muitos”, afirmou o próprio vereador, visivelmente emocionado, durante a triste sessão legislativa de ontem. E é isso.

Logística é saúde, saúde é logística

Muito oportuno o posicionamento do Hospital Bruno Born (HBB) durante a visita do governador Eduardo Leite (PSDB). Além de celebrar as novas alas e referências de atendimento, a diretoria da principal casa de saúde do Vale do Taquari soube utilizar a influência da instituição para reivindicar, em nome da comunidade médica, dos pacientes e familiares, uma nova ponte sobre o Rio Taquari. Um gesto nobre, inteligente e necessário na luta por melhores condições logísticas à região mais devastada pelas tragédias que assolaram nosso Rio Grande do Sul. Logística e saúde andam lado a lado.

E, em um tocante vídeo apresentado ao governador, destaque para o depoimento do médico emergencista, Guilherme Carmo. “No AVC, a cada minuto sem tratamento, dois milhões de neurônios são perdidos. Calculem isso em 20, 30, 50 minutos de atraso em uma ponte e vocês verão quantos neurônios uma ponte custa”. É isso. Pontes salvam vidas. Renovam vidas. Aliás, sejamos sinceros: a logística impacta a praticamente todos os setores sociais e econômicos da comunidade. E tomara que o movimento do HBB inspire outras instituições e entidades regionais.

TIRO CURTO

  • Preocupante a notícia de que empresas atingidas pelas enchentes podem perder benefícios fiscais em função da dificuldade de conseguir mão de obra e, desta forma, atender às contrapartidas exigidas nos aportes financeiros. E será preciso intervenção federal para minimizar impactos.

  • O governo estadual vai lançar em maio o processo licitatório para urbanizar o Novo Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul. Um investimento de R$ 120 milhões em uma área para 480 lotes. Muito provavelmente o maior investimento da história no município.

  • O Complexo do Cristo Protetor em Encantado recebeu 27 mil visitantes no recente feriado. Um número muito expressivo para uma cidade com 23 mil habitantes.

  • O Fundo de Reconstrução do Rio Grande do Sul (Funrigs) é abastecido com os recursos da dívida com a União e deve receber algo em torno de R$ 14 bilhões até 2027. Até o momento, foram depositados R$ 2 bilhões no fundo. E nunca é demais lembrar: o fundo tem fundo. Aliás, o governo anuncia que R$ 8 bilhões já estão comprometidos. E já tem “excesso de pedidos” para o restante.

  • Ainda sobre o Funrigs, o Vale do Taquari pode ser contemplado com – no mínimo – 10% do montante total. Para isso, porém, a concessão das rodovias estaduais precisa sair do papel. Só ali tem R$ 1,3 bilhão previsto para um aporte. Além disso, o Estado já se comprometeu a investir R$ 200 milhões na recuperação e pavimentação da ERS-332 e R$ 50 milhões na ERS-129.

  • Sobre a possível cassação do vereador de oposição Antônio Oliveira (Podemos), em Lajeado, quem celebra é a base do governo. Afinal, e se confirmada a perda do mandato, a vaga fica com o PSDB, que hoje é situação.

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