O mundo vive um período de luto após a morte do Papa Francisco na segunda-feira, 21, aos 88 anos. No Vaticano, após os rituais de velório e sepultamento do pontífice, o luto dura nove dias, quando é convocado o Colégio Cardinalício. Depois, dá-se início ao chamado conclave, para a escolha do novo papa.
Os 252 cardeais do Colégio Cardinalício terão a missão de eleger o novo líder da Igreja Católica nos próximos 15 a 20 dias. Os cardeais ficam instalados na Casa Santa Marta, isolados do mundo exterior até o fim do processo.
A palavra conclave vem do latim cum clave – fechado a chave – e remete à votação secreta que é feita na Capela Sistina, no Vaticano, de onde é lançada a fumaça branca quando o novo pontífice é escolhido. O atual carmelengo (administrador da Santa Sé), o irlandês Kevin Farrell, atuará como chefe de Estado do Vaticano no período que vai dos funerais até o anúncio de quem será o novo papa. Esse período é chamado de Sé Vacante, quando a Igreja está sem seu líder.
O Brasil tem oito cardeais que integram o Colégio Cardinalício, cinco nomeados pelo Papa Francisco e três pelo papa anterior, Bento XVI.
A escolha
Para a votação na Capela Sistina, participam apenas os cardeais com menos de 80 anos. O número máximo de cardeais eleitores é estabelecido em 120, embora atualmente haja 135 com direito a voto.
No dia do conclave, os cardeais dirigem-se à Basílica de São Pedro para a missa presidida pelo decano do Colégio Cardinalício, que atualmente é o italiano Giovanni Battista Re. Em seguida, eles seguem em procissão para a Capela Sistina, preparada com bancos para as votações e o fogareiro onde serão queimadas as cédulas e anotações. Nesse momento, é proibido o uso de dispositivos eletrônicos ou qualquer contato com o exterior.
Se a eleição começar no período da tarde, o primeiro dia terá apenas um processo de votação. Já os seguintes terão até quatro votações, sendo duas de manhã e duas à tarde. Caso não haja um consenso mínimo ao fim das votações, os dois mais votados enfrentam uma disputa direta.
Cada cardeal escreve o nome do escolhido em um papel retangular e deposita em uma urna. Após a sessão, dois apuradores abrem os papéis e leem silenciosamente os nomes, enquanto um terceiro os pronuncia em voz alta. As cédulas são furadas, amarradas umas às outras e queimadas no fogareiro.
Se ninguém atinge a maioria qualificada de pelo menos dois terços dos votos, é adicionada uma substância que tinge a fumaça de preto. Caso haja um eleito e o cardeal escolhido aceite o cargo, as cédulas são queimadas com um aditivo branco, mostrando ao mundo que um novo papa foi eleito. Na sequência, há o anúncio com a famosa frase “habemus papam” – temos papa – na Basílica de São Pedro.
Cardeais brasileiros que votam
- João Braz de Aviz, 77 anos, arcebispo emérito de Brasília.
- Odilo Scherer, 75 anos, arcebispo de São Paulo.
- Leonardo Ulrich Steiner, 74 anos, arcebispo de Manaus.
- Orani Tempesta, 74 anos, arcebispo do Rio de Janeiro.
- Sérgio da Rocha, 65 anos, arcebispo de Salvador, primaz do Brasil por conduzir a arquidiocese mais antiga do país.
- Jaime Spengler, 64 anos, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
- Paulo Cezar Costa, 57 anos, arcebispo de Brasília.