Na sua trajetória como escritor, esse projeto teve algo de especial? O que esse livro representa pra você pessoalmente?
Sim. Este livro é especial, pois publiquei especificamente para os 200 anos da imigração alemã em nosso país. É o meu trigésimo livro e já lancei a obra na Alemanha, mais específico em Rheinböllen, no Hunsrück, no final de novembro do ano passado. Esta obra representa para mim, uma complicação de muito material que consegui nestes 23 anos de pesquisas.
Quais histórias ou personagens você descobriu durante a pesquisa que mais te emocionaram ou marcaram?
Me marca a história de uma antepassada minha, que perdeu dez dos seus onze irmãos na Alemanha, que vivia numa área muito afetada pelas enchentes e isto também levou a família a emigrar. Ela também perdeu o marido na viagem e chegou no Rio Grande do Sul com seus 4 filhos adolescentes. Seu nome era Irmina Welter Winter. Este é um relato que me emociona.
Já na parte do que mais marca, para mim um dos personagens centrais da imigração é o Padre Theodor Amstad, suíço de origens germânicas, que através do cooperativismo mudou o eixo do desenvolvimento econômico do sul do nosso país. Para mim, que já escrevi uma biografia sobre Amstad e me debrucei anos sobre sua história, ele é um personagem marcante, desenvolveu a imprensa, fundou clubes de livros, fundou revista, jornais, e é o fundador do cooperativismo na América Latina
O que você acha que as novas gerações podem aprender com a história dos imigrantes alemães no sul do Brasil?
Existe um grande legado deixado pelos imigrantes e descendentes. Podemos citar cooperativismo, educação ou cultura. Os alemães fundaram 498 escolas em 98 anos aqui no Rio Grande do Sul, e boa parte da alfabetização do estado se deve aos imigrantes alemães e seus descendentes. Temos ainda a questão religiosa e a própria economia – setores de comércio e indústria, no início do século passado, em 60% eram administrados por alemães e descendentes. Eu acredito que é importante descobrir esse legado, através das histórias que se materializam através dos escritores, como eu coloco no papel. É um compilado que não se resume somente às histórias que foram contadas, mas também a cartas, documentos, gravações, registros genealógicos, registros documentais, que testemunham esse passado que pode ser para nós uma fonte, para aprendermos e assim, moldarmos um futuro melhor para nós e para os nossos descendentes.
Depois de tantos livros publicados, como você mantém a paixão por contar histórias e resgatar memórias como essas?
Para mim, a paixão é muito viva, é muito presente, ela às vezes até é, de certa forma, premente, quando eu continuo escrevendo, buscando material, buscando histórias. Já são mais de mil famílias visitadas, a formação de um acervo de quase 47 mil fotografias antigas, fora documentos e 30 livros publicados sobre essa temática. Digo premente no sentido de continuar publicando… escrever sempre com entusiasmo para publicar, para que não se perca esse material e que ele fique compartilhado com as futuras gerações.