BNDES notifica empresas por demitir funcionários após enchentes

Opinião

Filipe Faleiro

Filipe Faleiro

Jornalista

BNDES notifica empresas por demitir funcionários após enchentes

Vale do Taquari

Empresas afetadas pelas enchentes de 2023 e de maio do ano passado começaram a receber notificações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O motivo: redução no número de empregados após receberem crédito com juros subsidiados.

Pelas regras das linhas criadas pelo governo federal, o financiamento só mantém a taxa reduzida de 6% ao ano se a empresa preservar o número de funcionários que possuía antes dos eventos climáticos. Caso contrário, a taxa salta para o padrão de mercado, regida pela Selic, hoje em 13,5% ao ano.

As linhas especiais foram lançadas em julho de 2023, após o anúncio do presidente Lula. O BNDES destinou R$ 15 bilhões em crédito com juros abaixo do mercado. Os recursos são voltados para compra de máquinas e equipamentos, capital de giro e reforma e reconstrução de estruturas.

O benefício é exclusivo para empresas situadas na mancha de inundação ou que comprovem prejuízos causados por deslizamentos e bloqueios de acesso.

CIC-VT consulta empresas para tabular quantas receberam notificação do BNDES. Objetivo é buscar entidades do setor produtivo e justificar dificuldades para reposição de trabalhadores que pediram demissão (foto: Filipe Faleiro/Arquivo)

Levantamento

A Câmara da Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT) começou um levantamento para identificar quantas empresas foram notificadas até agora. Três indústrias já confirmaram o recebimento do aviso, a Oderich, de São Sebastião do Caí, a Dina, de Estrela e a Fontana, de Encantado.

“Esse é um sinal de alerta”, afirma o presidente da CIC-VT, Angelo Fontana. “As empresas ainda estão em recuperação e têm dificuldades para manter o número de empregados. Não podemos penalizar quem está tentando sobreviver.”

Setor busca diálogo com governo

A CIC-VT leva o assunto amanhã à diretoria da Fiergs (Federação das Indústrias do RS). E na quinta-feira, será discutido com a Federasul. O objetivo é reunir relatórios de cada empresa notificada e buscar flexibilização das regras.

“Queremos mostrar que muitas demissões aconteceram por fatores externos. Funcionários têm pedido demissão e não conseguimos substituir. Isso precisa ser levado em conta”, diz Fontana.

Caso o BNDES não reavalie os contratos, há risco de que várias empresas percam os juros subsidiados e passem a pagar o dobro pelas parcelas. “A consequência seria ainda mais impacto na já difícil recuperação econômica da região”, resume o presidente da CIC-VT.

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