Nem mesmo a chuva que caiu horas antes do espetáculo foi capaz de afastar o público que lotou, mais uma vez, a Rua Coberta na área central de Muçum, na noite da Sexta-feira Santa, 18. A tradicional encenação da Paixão de Cristo, promovida pela Associação Muçunense de Artes (AMA), voltou com força total após um ano de pausa forçada pelas enchentes que atingiram o município em 2024.
O público, que superou o das últimas três edições, foi presenteado com um espetáculo reformulado, profundo e comovente. Sob a direção de Ranieri Zilio Moriggi, a apresentação mesclou passagens bíblicas clássicas com novas cenas que ampliaram a narrativa e emocionaram a plateia. Momentos como o batismo de Jesus, a Santa Ceia, e a crucificação ganharam ainda mais intensidade ao lado de outras cenas criadas especialmente para esta edição, dando destaque a personagens como Maria Madalena, Verônica, Barrabás, Judas Iscariotes, entre outros.
“Mais do que uma encenação, esta foi uma noite de fé, de arte e de reencontro com nossa própria essência como comunidade”, declara o diretor. “A Paixão de Cristo de Muçum é feita com o coração e com o suor de cada voluntário. Este ano, quisemos ir além da história: quisemos tocar almas”, afirma Moriggi.
Para o presidente da AMA, Renan Lucas Nardin, o momento foi também de gratidão e superação. “Voltamos, mesmo depois de tudo o que passamos. E voltamos maiores, mais fortes, mais unidos. Que esta Paixão seja símbolo da nossa esperança e da força de um povo que não desiste jamais”, destaca.
O prefeito de Muçum, Mateus Trojan, também participou do elenco e destacou a importância da retomada cultural da cidade. “Muçum não é só reconstrução física, é também reconstrução emocional, cultural, espiritual. A Paixão de Cristo é um marco que reafirma nossa identidade e celebra a vida, mesmo depois das tempestades”, observa.
Quem também falou na abertura da apresentação foi o pároco Padre Paulo Krindges, que abençoou os presentes e emocionou-se com o simbolismo da encenação. “Cristo renasce em cada gesto de solidariedade, em cada cena, em cada olhar. Este espetáculo é um sopro de fé que nos lembra: a ressurreição sempre vem, mesmo depois das maiores dores”, diz.
A edição deste ano marcou não apenas o retorno de um dos eventos mais tradicionais do calendário muçunenses e regional, como também o início de um novo ciclo para a AMA. A associação já planeja novos eventos para o segundo semestre, reafirmando seu compromisso com a arte, a cultura e o fortalecimento dos laços comunitários.