Estiagem compromete qualidade do grão de soja

SAFRA PREJUDICADA

Estiagem compromete qualidade do grão de soja

Período final de colheita aponta para uma quebra de até 50% na produção regional

Estiagem compromete qualidade do grão de soja
Siebeneichler espera colher entre 33 a 68 sacas de soja por hectare. (Foto: Estevão Heisler)
Vale do Taquari

A colheita da soja se encaminha para as últimas semanas na maioria das regiões. A produção gaúcha deve cair em média 25,7% em comparação a safra passada segundo a Conab, enquanto em algumas propriedades as perdas acabam sendo duas vezes maiores. A escassez de chuva e as altas temperaturas causaram danos no período de reprodutivo das lavouras.

Comumente o plantio ocorre entre novembro e dezembro, necessitando de regularidade nas precipitações para o bom desenvolvimento das plantas nos meses subsequentes. No entanto, justamente no começo do ano, o cenário foi desfavorável. Houve estiagem e calor extremo. “Em muitas áreas essa condição coincidiu com o início do período reprodutivo”, aponta o engenheiro agrônomo Alano Tonin, do escritório regional da Emater.

No Vale do Taquari, os impactos foram mais significativos nas regiões baixas. Visualmente o crescimento vegetativo aparentava uma produtividade praticamente normal. Mas a surpresa ocorreu quando as máquinas entraram na lavoura. “Quando a colheita começou verificou-se a perda, seja por falta de grãos nas vagens ou por grãos menores.”

Desenvolvimento da Soja em condições climáticas normais

Esta foi a condição nas lavouras de Astor Schwarzer, 58, que semeou 53 hectares nas cidades de Estrela e Teutônia. Até ontem ele havia encerrado a colheita em 70% das áreas cultivadas. A produtividade média ficou em 25 sacas por hectare, 15 abaixo do necessário para cobrir os custos de produção. A quebra passou de 50% em relação ao ano passado, quando Schwarzer conseguiu colher toda a produção antes de iniciarem as chuvas que culminaram em enchentes na região.

Resultado varia entre localidades

Segundo com o engenheiro da Emater, têm-se percebido muita variação na produtividade de acordo com a região. “Conforme o ciclo das cultivares e a época em que foi cultivado. Tivemos lavouras com colheitas praticamente normais e em outras perdas maiores, onde choveu menos.”

Nas áreas cultivadas por Everton Siebeneichler, 33, em Santa Clara do Sul e Cruzeiro do Sul as proporções de colheita variaram. Ao todo são 120 hectares. “A pior média que fizemos foi de 33 sacas, mas chegamos a colher 62 em outros pontos.”

A média final da safra deve chegar a 48 sacas por hectare. Ele colheu cerca de 70% da produção e acredita que deve concluir o serviço dentro de 20 dias, pois ainda aguarda o amadurecimento de algumas áreas que plantou na chamada safrinha.

Soja subdesenvolvida devido a estiagem

Momento instável

Análise do atual cenário indica período de desafios e incertezas para o agronegócio no ciclo 2025/26. Com taxa básica de juros em 14,25% e previsão de elevação para 15,25% até o fim do ano, a tomada de crédito deve ser criteriosa, conforme orienta o presidente do STR de Lajeado, Lauro Baum.

Ele destaca que foram três anos consecutivos de perdas na agricultura em virtude de condições climáticas, o que pode gerar “uma bola de neve” para o produtor caso não se tenha uma análise sobre o grau de risco. “Tem que cuidar para não entrar no ciclo de querer sempre salvar uma safra com outra. O mercado vai ofertar crédito, mas não podemos esquecer que temos uma indústria a céu aberto e estão sujeitos a imprevistos.”

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