“Fui eu quem construí a minha casa, que nem um joão-de-barro”

ABRE ASPAS

“Fui eu quem construí a minha casa, que nem um joão-de-barro”

Nilo Roque Gerhard, 68, sempre gostou de trabalhar com a terra. Natural de Três Passos, veio a Lajeado na juventude e, aqui, há mais de 40 anos, se dedica à jardinagem. Impossibilitado do ofício há alguns meses, por conta de uma cirurgia, ocupou o tempo com um hobby antigo: o trabalho em madeira. Na garagem de casa, os tocos ganham formas de abajur, cadeira e mesinhas

“Fui eu quem construí a minha casa, que nem um joão-de-barro”
Foto: Raica Franz Weiss

Por que veio a Lajeado?

Meus pais nasceram e cresceram em Lajeado. Meu avô materno tinha em torno de 35 hectares aqui no Alto do Parque. Meus pais se mudaram para Três Passos no casamento, já que meu pai tinha terras por lá. Cresci no meio da roça. Voltamos para Lajeado quando eu tinha 19 anos e, desde então, moro aqui no bairro. Faz 50 anos que cheguei, época em que a Avenida Alberto Müller só era aberta até o Parque, toda de barro.

Quando o senhor começou a gostar de trabalhos em madeira?

Lá em Três Passos a gente trabalhava na roça, era interior. Sempre gostei de fazer coisas com madeira pura. Desde pequeno, procurava galhos e tábuas e construía galinheiros e chiqueirinhos para os porcos. Aqui em Lajeado, fui eu quem construí a minha casa, que nem um joão-de-barro.

Quando descobriu a jardinagem?

Gostava de trabalhar na terra, comecei mexendo no jardim de casa e aos poucos fui sendo chamado para cuidar dos jardins de outras casas. Me encontrei na jardinagem, aprendi sozinho. É preciso ter técnica e podar direitinho.

Pensa em se aposentar?

Assim que melhorar, pretendo voltar para a jardinagem, não consigo ficar parado. Por isso, nesses meses, tenho trabalhado em madeira. Mas eu gosto quando ela é pura e de boa qualidade, nada de MDF. Não faço para vender porque o custo é muito alto, mas às vezes tem gente que compra. Um abajur eu faço em meio dia, uma cadeira leva cerca de uma semana.

A família apoia?

Sei reconhecer madeira só de olhar. Tenho dois filhos e os dois gostam de madeira também. Um deles até trabalha numa marcenaria. Aqui em casa está cheio de coisas que nós fizemos. Esses dias, fiz um abajur com uma parte da carroça antiga do meu pai. Essa madeira ficou na chuva e no sol por uns 70 anos e hoje transformei em abajur.

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