As linguagens das crianças no berçário

segredo da infância

As linguagens das crianças no berçário

Com o olhar voltado ao desenvolvimento integral dos bebês, o episódio destacou a importância da escuta sensível e da observação atenta

As linguagens das crianças no berçário
Professora Caroline, Ana Fausta e diretora Cristine. (Foto: Diogo Fedrizzi)
Encantado

O 18º episódio do programa O Segredo da Infância, produzido pelo Grupo A Hora em parceria com o Espaço Flores.Ser, de Encantado, trouxe ao debate o tema “As linguagens das crianças do berçário”. O encontro contou com a participação da Escola Municipal de Educação Infantil Planalto (EMEI), do Bairro Planalto, em Encantado. A mediadora Ana Fausta Borghetti conduziu a conversa com a diretora Cristine Bertotti e a professora Caroline Filter.

Com o olhar voltado ao desenvolvimento integral dos bebês, o episódio destacou a importância da escuta sensível e da observação atenta como caminhos para compreender e interagir com as múltiplas formas de expressão da primeira infância. “Vivemos uma espécie de paradoxo quando a gente diz que sabe da importância dessa primeira infância, de zero a 2 anos, mas como essas crianças não se expressam verbalmente, então muitas vezes eles não têm um espaço, não são olhadas como seres realmente de ação, ou que estão se constituindo enquanto seres humanos”, refletiu Ana Fausta.

A diretora da EMEI Planalto, Cristine Bertotti, compartilhou a experiência da escola ao adotar uma nova abordagem pedagógica inspirada por práticas como Montessori e Reggio Emília, focadas na autonomia e no protagonismo das crianças. “Mudar o formato de como lidar com elas, desde quando o bebê chega à escola, quando a família chega, do momento da matrícula… É uma troca diária com as famílias. Tudo pelo bem-estar da criança. É uma proposta que vê a criança como protagonista de sua vidinha”, destacou.

A proposta adotada pela escola rompe com modelos tradicionais e oferece aos bebês um espaço pensado para favorecer a exploração, o movimento e a construção da autonomia. “Eles não ficam em berços, eles ficam no chão, nos tatames, onde aprendem a sentar sozinho, se locomover. Se cair pro lado, ele vai entender que o corpo dele vai virar e ele vai se desvirar”, explicou Cristine. Ela reforçou ainda que é uma proposta que tem dado certo. “Ela é trabalhosa, então vai muito do comprometimento do profissional”.

A professora Caroline Filter reforçou o papel da adaptação e da parceria com as famílias nesse processo. “Temos uma participação efetiva das famílias que frequentam nossa escola. Começando a adaptação nos primeiros dias que eles começam a frequentar a escola, temos esse olhar e cuidado porque também algo é novo para os bebês”, contou. “Dar esse colo e atenção. Adaptar devagarinho. Sempre deu muito certo com a participação das famílias fazendo essa troca com as profes”.

Segundo Caroline, o desenvolvimento no chão tem se mostrado altamente benéfico. “É gratificante, pois eles se desenvolvem muito no chão. A gente sempre está supervisionando, observando, mas dando possibilidades e deixando eles conhecer coisas novas, explorarem o sentido, o sensorial”, disse. E os resultados já podem ser observados nas crianças que avançaram para outras turmas. “Agora os bebês que eram meus alunos há três anos, agora estão no Maternal A, e ao entrar no refeitório me deparo com eles comendo sozinhos, porque tiveram estímulos na autonomia de segurar um alimento, de conhecer esse alimento”.

Ana Fausta também destacou o papel fundamental dos adultos no processo de desenvolvimento emocional e cognitivo da criança. “A criança tem o direito de poder se desenvolver plenamente. Esse é um direito dela e de qualquer ser humano. Quando a gente possibilita um ambiente adequado e seguro, a gente está permitindo que ela faça o que ela consegue dentro do seu tempo. Esse tempo não é o tempo do relógio, é o tempo subjetivo”, ressaltou.

A diretora Cristine finalizou com um olhar comprometido com o futuro: “A educação infantil é a fase mais importante da vida. Então o primeiro e o segundo ano é crucial para a criança. Eles são esponjas. Quanto mais estimulação eles tiverem, mais experiências, eles vão absorver”.

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