A tríade do esporte de base: atletas – pais – treinadores

Opinião

Rodrigo Rother

Rodrigo Rother

Professor na UNIVATES e no CEAT - @rodrigorother

Colunista Esportivo

A tríade do esporte de base: atletas – pais – treinadores

No universo esportivo, há uma relação silenciosa, mas poderosa, que molda carreiras desde os primeiros passos até o pódio: a tríade formada por pais, atleta e treinador. Quando esses três papéis atuam em sintonia, os resultados florescem. Mas basta um desequilíbrio entre as relações e todo o projeto de desenvolvimento do futuro atleta pode desmoronar.

O pai geralmente é o primeiro incentivador. Ele oferece apoio emocional, transporta para os treinos, investe em equipamentos e banca viagens. Muitas vezes, é também o torcedor mais apaixonado e não mede esforços para que o talento de seu filho possa atingir seu ápice. Mas nunca devemos esquecer: a linha entre incentivo e pressão é tênue. Quando atravessada, pode transformar o sonho do filho em obrigação, tornando-se contraproducente.

Do outro lado está o treinador, o arquiteto técnico e emocional do atleta. Cabe a ele lapidar o talento, traçar estratégias e manter o foco competitivo. Mais do que isso: precisa, muitas vezes, ser um mediador entre as vontades do pai e as necessidades do atleta. Quando há sintonia, nasce uma parceria poderosa. Quando não há, o treinador vira alvo de críticas, principalmente se os resultados demorarem a aparecer. Em alguns casos, mesmo com resultados positivos, alguma decisão tomada que esteja em discordância com a expectativa dos pais é o suficiente para ruptura da relação.

No centro dessa equação está o atleta, geralmente jovem, em formação, tentando lidar com expectativas alheias e suas próprias dúvidas. É ele quem sente o peso de olhares, conselhos e cobranças. É ele quem precisa performar, mesmo carregando a pressão dos treinos, das competições, das expectativas familiares e, muitas vezes, da própria cobrança interna (que normalmente é a maior de todas!).

O grande desafio dessa tríade está justamente no equilíbrio. Quando pai e treinador disputam o papel de protagonista, o atleta perde. Quando o atleta não tem voz, perde-se a autonomia. Quando não há diálogo, surgem ruídos que afetam o rendimento e, pior, a saúde emocional do atleta.

Penso que o grande segredo para o sucesso dessa tríade é a comunicação clara e papéis bem definidos. O pai deve apoiar e incentivar. O treinador deve liderar e executar os processos. O atleta precisa se dedicar e se responsabilizar pelas decisões que envolvem sua carreira. O esporte é, sim, feito de suor e superação, mas também é feito de relações humanas. Para obter sucesso nesse jogo, não é apenas o talento que conta, mas também a harmonia dentro e fora das quatro linhas. Conversem! Na maioria das vezes, tudo se resolve com uma boa conversa!

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