Quando a escola Pedro Jorge Schmidt foi fundada, em 1906, na Linha Delfina, em Estrela, todos os seus alunos eram filhos de agricultores. E assim foi por muitos anos. Na década de 1940, o Brasil instituiu o ensino agrícola. A disciplina de Técnicas Agrícolas, para o então 1º Grau, hoje Ensino Fundamental, fez parte do currículo obrigatório até 1982, quando a Pedro Schmidt já tinha 76 anos de fundação. O tempo voou, a tecnologia veio para modernizar processos, o município de Estrela cresceu e de desenvolveu. E, diferente de outros colégios, o Pedro Schmidt manteve as aulas de técnicas agrícolas.
Hoje, dos 300 estudantes matriculados, menos da metade são filhos de agricultores. Conforme a diretora Carla Inês Steffens Renner, a urbanização de áreas próximas colaborou para esta mudança. Entretanto, a Pedro Jorge mantém a essência de escola de interior. “Temos uma premissa, quem chega tem que se inserir na nossa escola, e não a nossa escola se modificar.” A diretora destaca que embora tenha mudado o perfil das famílias, a instituição está inserida no interior e atende estudantes moradores comunidades rurais, como Linha Delfina, São Luiz, Arroio do Ouro, Figueira, Glória, São João do Bom Retiro e Porongos.
Mais do que preservar a essência da zona rural, a instituição tem o olhar voltado ao meio ambiente e à preservação, observa a vice-diretora Bárbara Schmitt. Neste contexto, os alunos do 6º ao 9º ano saem da sala de aula uma vez por semana e põem as mãos na terra. A horta é a principal ferramenta. Semeadura, cuidados durante o crescimento das plantas, controle natural de pragas e colheita são tarefas das crianças, orientadas pela professora Vitória Mallmann Fell. O pomar e o horto de chás funcionam como oficinas de aprendizagem. Os pequenos, que não têm a disciplina de técnicas agrícolas, se envolvem no cultivo dos jardins.
A diretora destaca que todos colaboram e cuidam dos projetos extraclasse. A justificativa é simples: “Tu só tens pertencimento, quando tu participas”.
Biodigestor e laboratório multidisciplinar
Aprender com a prática, vencer desafios e celebrar as vitórias. Esta é uma realidade na escola Pedro Jorge Schmidt. Vizinha no distrito de Delfina, a empresa Folhito doou um biodigestor ao colégio. “A Folhito trouxe a ideia e doou o equipamento” lembra a diretora Carla Renner. A instalação e o início da operação contaram com o apoio de empresas parceiras.
Em funcionamento e com a geração de gás, surgiu, entre a direção, a ideia de montar um laboratório multidisciplinar. Então foi a vez da Folhito comprar a ideia e colaborar com recursos financeiros. O espaço é utilizado de forma multidisciplinar pelos estudantes. São eles também os responsáveis por abastecer o biodigestor com os restos de comida do refeitório.
Os alunos Lucas Scheeren, 14, e Miguel Afonso Lenhard, 14, do 9º ano, estão entre os que utilizam o laboratório. Um dos últimos projetos foi a extração do DNA da banana.

Estudantes Lucas e Miguel, do 9ª ano, no laboratório multidisciplinar
Apoio à educação e ao meio ambiente
O diretor da Folhito, Rodolfo Lanius, destaca que a educação é extremamente importante para o futuro do país. “Por este motivo, a empresa está sempre engajada em projetos que estão relacionados ao meio ambiente e à educação.” Lanius lembra que a Folhito aceitou prontamente participar, junto com outras empresas, da construção do laboratório multidisciplinar. “Inclusive, é uma sala referência em nível estadual e eu diria até, olhando do ponto de vista do setor público, referência nacional, pelos equipamentos de ponta que foram adquiridos e instalados”.
Quanto à doação do biodigestor, Lanius observa que é uma forma prática de mostrar aos alunos que cada cidadão é responsável pelos resíduos que gera. “O biodigestor é a demonstração que a gente pode aproveitar estes resíduos. Então os alunos e as funcionárias abastecem o biodigestor com o resíduo da cozinha, têm a geração de gás de cozinha e ainda um fertilizante líquido, que pode ser usado na horta escolar.”
A economia circular, sob o ponto de vista ambiental, que é o intuito da Folhito, chega aos estudantes nos projetos escolares. “Temos que educar e mostrar a estes as possibilidades aos alunos, porque sabemos que eles são o futuro da nação. Por estes motivos que Folhito está presente e é parceira nos projetos relacionados ao meio ambiente e à educação”, finaliza Lanius.
Potencial renovável
Reconhecida nacionalmente pelo uso de tecnologias avançadas na transformação de resíduos em biometano, um gás natural renovável, a Folhito Fertilizantes Orgânicos recebeu, no dia 10 de abril, a visita de integrantes do 7° Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano.
Considerado o maior evento do país relacionado à área, o encontro reuniu participantes de 22 estados e 17 países. Cerca de 30 deles estiveram no encontro que ocorreu na sede da empresa, no Distrito Delfina, em Estrela.
Para o argentino Juan Pablo Macagno, o encontro foi revelador e o fez enxergar um novo modelo de negócios. “É uma área que não existe na Argentina, então, me interessou conhecer o processo de produção, a quantia e o preço de venda. É um modelo que vejo como oportunidade para aplicar lá”.
O colombiano Manuel Gutierrez também compartilhou sua satisfação com a experiência de conhecer os processos inovadores e destacou a Folhito como uma empresa “espetacular”. Em sua avaliação, os aprendizados da visita técnica servirão de base para o processo de transição da empresa onde trabalha atualmente.
“Somos produtores de ovos e aves, e estamos em um processo de transição, passando a compostagem para a produção de biogás e biometano”, explica. Para Gutierrez, a oportunidade de entender esses novos métodos foi um marco no aprimoramento das práticas sustentáveis do setor.