Pelo quarto dia consecutivo, Lajeado amanheceu com acúmulo de lixo nas ruas. Embora a nova empresa responsável pelo serviço tenha ampliado a presença nas ruas, a coleta ainda não contemplou todos os bairros. Em meio a um aumento na insatisfação dos contribuintes, o município projeta para hoje a normalização no recolhimento.
A intenção da Coleturb – empresa responsável pela coleta do lixo urbano desde o último sábado – é atuar com nove frentes de trabalho. Cada equipe deve contar com um motorista de caminhão e três coletores. A expectativa é de completar o quadro de funcionários até o fim da semana. Até lá, a Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade também auxilia no serviço.
Enquanto a coleta não é colocada em dia, moradores tentam se adaptar a situação. Ainda que haja pedidos de “paciência” com a fase de transição, as reclamações são crescentes. “É uma pouca vergonha. Sorte que não está em época de calor, se não seria pior”, comenta o aposentado Irno Diedrich, morador do bairro Moinhos.
Ciente de que uma nova empresa assumiu o serviço há poucos dias, ele espera por uma melhora urgente na situação. “Por enquanto, não assumiu nada”, reclama.
Pouco tempo
Até a tarde de ontem, a Coleturb estimava necessidade de contratar 14 coletores e três motoristas para completar a equipe de trabalho. Conforme a gerente-geral, Elisângela Amaral, houve pouco tempo para a empresa organizar o início das atividades. “Da habilitação até assumirmos o serviço, foram apenas cinco dias”, lembra. A ideia é ter um panorama “favorável” a partir de hoje.
Segundo Elisângela, a realidade de Lajeado é diferente da vivenciada pela empresa na região metropolitana, onde tem sede. No caso da cidade do Vale, cita que o lixo é mais “espalhado” pelas ruas, sem concentrações. Isso, reforça, impacta no trabalho dos caminhões de coleta e até na própria mobilidade do município.
“E também tem a questão geográfica da cidade, com muitos aclives e declives. Isso pesa na coleta. Tem várias situações que precisamos entender. O volume de lixo aqui não é grande, mas é outra cultura”, comenta Elisângela, que fez elogios a Lajeado. “A cidade é linda e quase não tem problemas. Mas essa questão do lixo causa repercussão. A régua aqui é muito alta”.
Rotas
Outro problema, conforme o secretário de Meio Ambiente, Luís André Benoitt, é que nem todos os profissionais contratados conhecem a realidade da coleta de lixo em Lajeado. “Dos nove motoristas, cinco não conhecem a cidade. Então também estão conhecendo as rotas”, frisa.
A ideia é seguir com a coleta noturna nos bairros centrais de maior população, onde há um volume maior de lixo. Casos do Americano, Centro, Florestal, Hidráulica e São Cristóvão.
Questionado sobre a possibilidade de adoção de contêineres nas ruas, lembra que foi feito um teste-piloto no Moinhos, há três anos, mas a iniciativa não prosperou. “Escolhemos esse bairro justamente porque ali tem todas as classes envolvidas. Mas se jogava de tudo lá dentro”.
Audiência
De olho na situação do lixo em Lajeado, o Ministério Público tem, na área cível, expediente aberto para acompanhar os movimentos sobre contratos de coleta, transporte e depósito dos resíduos. Preocupado com a situação, o promotor João Pedro Togni convocou audiência ontem à tarde para debater o tema.
“O município informou que monitora a situação e que vai fazer uma força-tarefa para regularizar essa situação, que deve estar resolvida até quinta-feira. O MP entende que, uma vez que o município está fazendo essa prestação do serviço e há tendência de regularização, as coisas estão bem encaminhadas”, sustenta.
Entenda
- Uma das primeiras promessas da prefeita Gláucia Schumacher, no começo do ano, foi de fazer uma nova licitação para a coleta de lixo. Ela determinou a realização de um estudo para indicar mudanças no sistema atual e também a contratação emergencial de empresas para o serviço;
- No dia 21 de março, licitação apontou duas vencedoras para execução dos serviços: Coleturb, responsável pelo recolhimento convencional; e GLV, que fica com a coleta seletiva. Contrato foi assinado na semana seguinte;
- Após o contrato da antiga responsável, Compacta, encerrar, em 11 de abril, as novas empresas assumiram os trabalhos no dia seguinte. Entretanto, falta de pessoal deixou bairros sem a coleta, com acúmulo de lixo nas ruas.