Saúde da mãe e do bebê são o foco da campanha do Dia Mundial da Saúde deste ano, celebrado no dia 7 de abril. O objetivo é destacar a importância do acompanhamento da saúde feminina antes mesmo da concepção, para garantir uma gestão mais segura e mais saúde no neonatal.
Para debater o tema, os convidados do programa Nossos Filhos foram o ginecologista e obstetra Yuri Ungethuem e a pediatra Simone Reichert, que destacam a importância do planejamento da gravidez para prevenir complicações.
Segundo Ungethuem, o avanço tecnológico tem sido um aliado no diagnóstico precoce de doenças e fatores de risco, permitindo intervenções que evitam complicações graves durante a gestação e reduzem, inclusive, a necessidade de internação do bebê em UTI neonatal. Ele destaca que tanto na rede pública quanto na privada, as gestantes têm acesso a exames preventivos que identificam condições como pré-eclâmpsia e parto prematuro, as principais causas de mortalidade materna e neonatal.
O profissional alerta que muitas mulheres chegam à gestação com condições preexistentes como obesidade, sedentarismo e doenças crônicas, fatores que aumentam os riscos durante a gravidez. Ainda, explica que o parto vaginal, quando se enquadra na saúde da gestante, tem menor risco de complicações a longo prazo, melhor recuperação materna e pode ser um aliado ao estímulo à amamentação, quando comparado a uma cirurgia cesariana. No entanto, ressalta que a decisão sobre a via de parto deve ser compartilhada entre médico e paciente, considerando não apenas fatores clínicos, mas também o bem-estar emocional da gestante.
Uma vez com o bebê no colo, Ungethuem afirma que os cuidados continuam essenciais. “No pós-parto, a mulher está emocional e fisicamente fragilizada. Isso exige atenção. O puerpério é uma fase delicada”, pontua.
Antes e depois da gestação
A pediatra Simone afirma que a pediatria também se beneficia de um olhar antecipado para a saúde materna. Ela observa que, apesar do acesso a exames e cuidados obstétricos de qualidade, ainda são frequentes os casos de pré-eclâmpsia, indicando que as mulheres estão gestando em condições de saúde fragilizadas.
A médica destaca a importância dos primeiros mil dias de vida, que incluem o período gestacional e os dois primeiros anos do bebê. Mas reforça que, hoje, também se considera os cuidados nos meses anteriores à concepção, como um período importante para a saúde futura da criança.
A especialista afirma que o papel do pai também é fundamental. “A condição de saúde do pai influencia no desenvolvimento do feto, desde o início da gestação”.
Sobre os mitos mais comuns, tanto Simone quanto Ungethuem afirmam a importância de romper com a ideia de que gestação é sinônimo de fragilidade extrema.
“Há um medo generalizado que coloca a mulher dentro de uma redoma de vidro. Mas gestação não é doença. A mulher precisa seguir ativa, manter a vida em movimento, inclusive com atividade física, sempre com orientação. O repouso excessivo pode levar a outras complicações, como obesidade e hipertensão”, alerta Simone.
Os médicos afirmam que a realidade do Vale em relação ao assunto é positiva, com a maioria das gestantes em acompanhamento pré-natal e pós-parto.
Mortalidade materno e neonatal
- Na região de abrangência da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde, em 2023, foram registrados 17 óbitos de bebês entre 0 e 6 dias. Em 2020, o número correspondia a 19 mortes. Nesse período, foram 78 mortes no período neonatal. No mesmo período, foram registradas seis mortes maternas no Vale.
- A taxa de mortalidade neonatal evitável diminuiu de 10,98 por mil nascidos vivos em 2000 para 6,76 em 2018 no Brasil.
- O país registrou em 2023 a menor taxa de mortalidade infantil e fetal por causas evitáveis desde 1996. Na época, foram registradas 20,2 mil mortes.
- A taxa de mortalidade materna no Brasil em 2022 foi de 54,5 mortes por cada 100 mil nascidos vivos.
- O país se comprometeu a reduzir a taxa de mortalidade materna para 30 óbitos por 100 mil nascidos vivos até 2030.
- O governo federal lançou uma estratégia para reduzir as mortes de mulheres pretas em 50% até 2027.
- A falta de assistência pré-natal é um dos principais fatores para a morte após a gestação.
- A mortalidade materna é mais elevada entre as mulheres que vivem em áreas rurais e comunidades mais pobres.