Pesquisa reforça identidade da erva-mate cultivada no alto do Vale

ALTO TAQUARI

Pesquisa reforça identidade da erva-mate cultivada no alto do Vale

Análises químicas revelam notas de aroma e sabor exclusivos da região

Pesquisa reforça identidade da erva-mate cultivada no alto do Vale
Setor ervateiro é um dos principais polos econômicos da região alta do Vale (Foto: Matheus Giovanella Laste)

A busca pela classificação segue com avanços contínuos para os sete municípios envolvidos na demarcação. No início de abril, os pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) compartilharam com os integrantes da Associação dos Produtores e Parceiros da Erva-Mate do Alto Taquari (APPEMAT) os resultados da pesquisa realizada na região. Os dados contribuem para a conquista do selo que valoriza toda cadeia produtiva.

A Indicação Geográfica (IG) é uma classificação que indica que um produto é patrimônio regional, onde normas e regras específicas já estão organizadas para preservar esta identidade. Um dos critérios para alcançar esse reconhecimento é que o objeto já seja parte da cultura do povo, tenha uma história de vínculo com a comunidade e esteja em uma determinada área demarcada. Os municípios envolvidos são Arvorezinha, Ilópolis, Doutor Ricardo, Itapuca, Fontoura Xavier, Anta Gorda e Putinga.

“Trabalhamos com três ciclos de análise da erva-mate, eles foram coletados e entregues à Ufrgs. Uma especialista para analisar as nossas erveiras para ir de encontro a essa classificação foi contratada em prol do entendimento do produto único que temos” disse Ariana Maia, empresária e uma das integrantes da Appemat, na época da viagem ao Vale dos Vinhedos em 2024, realizada para conhecer o processo feito lá para obter a classificação.

Na sede da Appemat em Ilópolis, Clovis Roman e Ariana Maia mostram pés de erva-mate que rodeiam o local (Foto: Matheus Giovanella Laste)

Resultados obtidos

Segundo Ariana, desde dezembro de 2023, eles coletaram amostras de erva-mate dos sete municípios que fazem parte da IG, e esse material foi ao Instituto de Química da universidade. “São três ciclos de desenvolvimento estudados. O primeiro é o de brotação, com compostos interessantes que buscávamos saber de que forma influenciavam o sabor e aroma da erva, o segundo é o ciclo de frutificação e por fim o de repouso vegetativo”, conta a pesquisadora.

Com a finalização desse trabalho de pesquisa, a associação vai conseguir apresentar esses resultados de uma forma mais contundente ao público. “São as notas de aromas, sabores e cores da nossa erva-mate”, complementa Ariana. Entre eles estão baunilha, cravo, lavanda, melão, amêndoas, menta, cogumelos, coentro e whisky. “Antes eram somente percepções, agora sabemos comprovadamente que a planta possui esses aspectos no sabor e aroma”, explica a empresária.

Valorização da cadeia produtiva

A conquista do selo da IG irá influenciar em todo o setor ervateiro da região alta, será um reconhecimento e valorização de produtores, produtos e mão de obra. “Atualmente estamos na parte das consultorias nas propriedades, o consultor faz um trabalho de rastreabilidade da erva-mate. Esse trabalho vai levar um ano, são quatro visitas nas 35 propriedades. E estamos para encaminhar o registro da erva-mate do Alto Taquari junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)”, salienta o presidente da Appemat, Clovis Roman.

A IG é um processo coletivo, além dos sete municípios envolvidos, são diversas empresas, produtores, entidades como o Sebrae e a Emater, a Embrapa, secretaria de Agricultura do RS e pesquisadores da UFRGS que unem seus esforços nesse processo para valorizar e proteger toda cadeia produtiva da região alta.

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