Languiru negocia sede e quita dívidas de 134 associados

Retomada da cooperativa

Languiru negocia sede e quita dívidas de 134 associados

Imóvel foi repassado ao Sicredi Ouro Branco. Avaliado por R$ 5,5 milhões, prédio abate financiamentos vinculados ao BRDE e libera nomes de produtores que emprestaram o CPF

Languiru negocia sede e quita dívidas de 134 associados
Sede da cooperativa em Teutônia será repassada à Sicredi Ouro Branco. Transição ocorre até o fim do ano. (Foto: GRASI NABINGER)
Vale do Taquari

A sede administrativa da Cooperativa Languiru, em Teutônia, foi negociada com o Sicredi Ouro Branco. Avaliada em cerca de R$ 5,5 milhões, o imóvel será entregue até o fim do ano. O acerto resulta no abatimento de dívidas de 134 associados que haviam contraído financiamentos com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e repassado os valores à cooperativa.

No total, diz o presidente liquidante, Paulo Birck, há 500 associados nesta situação. “Foi a forma que encontramos para aliviar a situação de quem mais sofreu nesse processo. Esses primeiros produtores estavam com os CPFs comprometidos por algo que não foi culpa direta deles”.

O processo para regularizar as contas dos produtores começa hoje. Como critérios de escolha, a cooperativa decidiu que a prioridade é para associados ativos (com venda de produção) e os de maior idade. Os demais com registro de devedores, afirma o presidente liquidante, entraram em outras etapas de renegociações com agentes financeiros.

Como não houve venda direta do imóvel, o acordo estabeleceu um abatimento de R$ 2,5 milhões em dívidas com a Sicredi Ouro Branco e os R$ 3 milhões restantes com o BRDE, para encerrar os contratos de financiamento com os 134 associados.

De acordo com Birck, todos os associados que fizeram financiamentos no próprio nome para repassar à cooperativa estão como inadimplentes no sistema financeiro. Essa situação poderia resultar em alienação fiduciária, com perdas de propriedades, máquinas, veículos ou equipamentos. “Temos um acordo com o BRDE para não execução da cobrança enquanto a cooperativa permanece ativa.”

A expectativa da Languiru é liberar mais 100 nomes nas próximas semanas, a partir de uma nova operação de negociação com o BRDE. “A prioridade são os ativos. Depois, pretendemos atender os demais, com base na ordem etária e envolvimento anterior com a produção.”

Conforme auditorias externas, a cooperativa tem mais de R$ 1 bilhão em dívidas. Deste total, quase R$ 600 milhões são com instituições financeiras. A Languiru está com um plano de renegociação em andamento, com prazo de pagamento em até 30 anos. Pela atual gestão, tendo em vista os resultados positivos, em especial no frigorífico de aves, há condições de reduzir esse tempo para pouco mais de uma década.

Migração da sede

Com o repasse da sede na rua Leopoldo Kepler, a cooperativa terá até o fim do ano para desocupar o prédio. O plano é transferir os setores administrativos para onde hoje funciona a agroinsumos.

O imóvel atual, segundo Birck, é subutilizado e representa alto custo de manutenção. “Com a estrutura de hoje, usamos 40% da sede. Não há por que continuar, pois isso é custo. Vamos otimizar os espaços e reunir os atendimentos no agrocenter”, conta.

Desde o colapso

2022
A crise financeira começa a se tornar pública e aparecem suspeitas sobre problemas de gestão e aumento das dívidas. Os setores de aves e suínos, que representavam grande parte do faturamento, começam a apresentar prejuízos significativos.

2023
A situação financeira se agrava, funcionários deixam a cooperativa sem receber os direitos, há uma redução nos níveis de produção nos frigoríficos.

Lactalis faz parceria para receber a produção de leite dos associados.

A diretoria, incluindo o presidente Dirceu Bayer, renuncia coletivamente devido à pressão pública e à gravidade da crise.

2024
As primeiras análises da auditoria revelam irregularidades graves, como maquiagem de números nos balanços, ausência de controle financeiro e práticas contábeis imprudentes.

A gestão liquidante apresenta os primeiros resultados financeiros positivos, com redução significativa das dívidas e fortalecimento de parcerias estratégicas.

2025
A cooperativa encerra 2024 com resultados positivos e um plano de recuperação consolidado, com um lucro líquido de R$ 15,2 milhões.

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