A inauguração do Complexo do Cristo Protetor, em Encantado, reuniu cerca de 10 mil pessoas e marcou o início de um novo capítulo para a cidade e o Vale do Taquari. Para lideranças da região, a obra vai além da imponência da estátua: simboliza a união comunitária e abre portas para um desenvolvimento sustentável baseado no turismo, com reflexos diretos na economia, cultura e qualidade de vida.
O prefeito de Encantado, Jonas Calvi, destaca a transformação vivida desde o início da obra. “O que mais a gente ouve é que não parece que está em Encantado. Quando lembramos como era esse local e o quanto se avançou, é gratificante. Tudo tem um porquê, um propósito. Ele (o Cristo) não está aqui por acaso”, afirma.
Calvi ressalta que o complexo foi viabilizado sem uso de recursos públicos diretos, mas com forte apoio da administração. “Nosso desafio é grande, mas totalmente possível. Precisamos estar conectados com a associação Amigos de Cristo, os municípios vizinhos, o Trem dos Vales. E começar a pensar enquanto região, com mobilidade e rodovias que tragam o turista até aqui.”
O espírito de colaboração é lembrado por diversas lideranças. Para Raquel Cadore, presidente da Associação Comercial e Industrial de Encantado (ACI-E), a força do associativismo foi essencial. “Foi um trabalho feito a muitas mãos. O trabalho da associação Amigos de Cristo é um exemplo de fé e união. Vemos os próprios empreendedores se reinventando, investidores vindo, novas experiências sendo criadas.”
Ela cita avanços como a criação de núcleos de turismo na entidade, o surgimento de novos roteiros e a profissionalização de serviços. “Até a gente, às vezes, se surpreende com o quanto evoluímos”, acrescenta Raquel.
Desenvolvimento com infraestrutura
Para que o potencial turístico se concretize, o presidente da Câmara da Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT), Ângelo Fontana, lembra a importância de investimentos em infraestrutura. “O início da obra do Cristo Protetor parecia uma ideia fora do contexto, e agora vemos se materializar. Mas o turismo precisa ter várias opções. Estamos na luta para reativar o Trem dos Vales, reformar a malha ferroviária e melhorar nossas rodovias. São investimentos que exigem união e ação dos governos”, observa.
Presidente da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales), Rafael Fontana, alerta para a necessidade de aprimorar a estrutura para manter o turista por mais tempo no Vale. “Temos uma estrutura que recebe bem por um dia e meio, mas o turista ainda faz bate-volta. Precisamos ampliar a rede hoteleira e os atrativos. Turismo é uma cadeia: todos precisam funcionar bem”.
O impacto da obra vai além do turismo. Para Ricardo Cé, presidente do Sicredi Região dos Vales, o Cristo representa responsabilidade e um chamado à ação. “Essa obra não só engradece turismo, mas traz uma responsabilidade muito grande para nós do Vale do Taquari. Precisamos nos preparar para receber os turistas, criar a infraestrutura que falta no Vale, pensar seriamente na logística. Não podemos ficar reféns de poucas vias de acesso. Temos que continuar nos mexendo. Não sei se é o fim, mas me parece que é o início de muito trabalho”, comenta Cé.
Gilberto Piccinni, presidente da Dália Alimentos, vê no monumento um marco simbólico. “É uma obra que mexe com a comunidade, com a esperança, com a economia. Encantado não será mais o mesmo. Demonstra que é possivel fazer obras de grande porte, mas com conteúdo e significado. Marcará uma mudança significativa. É um legado trazido pelos nossos antepassados”, diz.
Referência nacional em turismo
Empresários como Renata Galiotto, acreditam que o Cristo Protetor mudou o patamar do Vale. “É uma obra que muda o conceito de turismo no Estado e no Brasil. O Cristo se tornou uma grande referência. Ouso dizer que será a maior diferença de turismo para atrair pessoas ao Vale. O Cristo foi feito para todos. Agora, o Brasil precisa descobrir o nosso Estado”, considera Renata. O entusiasmo também é compartilhado por Fábio Vitória, CEO do Boulevard Encantado. “O Cristo abre as portas para um segmento muito importante no crescimento econômico e desenvolvimento cultural. O Estado abraçou a causa. O Cristo é o início de um movimento que pode consolidar o Vale como o segundo destino turístico do Rio Grande do Sul”, salienta.