“Minha recuperação está sendo boa. Estou com vida, graças à Deus. Estou traumatizada, mas agradecida por poder voltar para minha família. [A percepção da viagem] basicamente foi que estava tranquila, até que o ônibus começou a acelerar e sentirmos ele flutuar e cair”, disse a caloura do curso de Paisagismo, sobre relato ao delegado.

A sobrevivente Ana Cassia relatou o que lembrava do acidente. (Foto: Beto Albert/Diário)
Depoimentos
Em torno de 20 pessoas foram intimadas a prestar depoimento. Não há previsão de tempo para que todas sejam ouvidas. De acordo com o delegado Reis, o motorista do ônibus comparecerá às 16h desta quarta na delegacia. No dia do ocorrido, ele foi ouvido ainda no hospital e o depoimento, que foi gravado, já consta nos autos do inquérito. Entretanto, o delegado espera que o motorista formalize na oitiva.
“É uma oportunidade que ele tem de esclarecer os fatos” disse o delegado, em entrevista. Reis também citou o relato do motorista de que teria sido avisado por um colega sobre a má condição dos freios do veículo.
O reitor da UFSM, professor Luciano Schuch, compareceu à delegacia, mas não falou com a imprensa. Quem também esteve presente foi Marta Von Ende, diretora do Colégio Politécnico. A professora afirmou que a unidade de ensino da universidade prestará todos os esclarecimentos para conferir celeridade à investigação.
Coleta de informações
Na terça-feira, 8, foram ouvidas, pelo menos, seis testemunhas pela Polícia Civil de Teutônia. Conforme Reis, foram coletados depoimentos de moradores das redondezas e de bombeiros que atuaram no resgate.
“As testemunhas estavam a 700 metros do local. Relataram aquilo que a gente já tinha conhecimento. Que o ônibus passou de forma desequilibrada e em alta velocidade, levou os cones que estavam no meio da via e desceu morro abaixo. Os bombeiros relataram que, ao chegar no local, ouviam muitos gritos por socorro, que chegaram a conversar com o motorista e que ele reclamava muito dos freios do veículo.”
Pela tarde, novas testemunhas que atuaram no resgate seriam ouvidas. Porém, conforme o delegado, a coleta destes depoimentos não ocorreu e deve ser realizada em uma nova data.
Perícia no ônibus começou na terça
A análise do ônibus começou na tarde de terça, no pátio do Departamento Autônomo de Estradas Rodagem (Detran) em Lajeado. A informação foi confirmada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), responsável pelo trabalho.
O ônibus, um Volkswagen com carroceria Comil, para 40 passageiros, fabricado em 2006, teria 19 anos de uso. A perícia mecânica deve analisar diversos aspectos do veículo, como a situação dos freios, os cintos e a qualidade dos pneus, por exemplo. O tacógrafo do ônibus também passará por análise.
Posicionamento da defesa
A defesa do motorista manifestou-se novamente na segunda-feira, 7. Questionada sobre a declaração do delegado, afirmou que “desconhecemos essa informação que teria sido falada pelo motorista” e que “ele ainda não prestou nenhum esclarecimento formal.” Ainda reforçou que todas as provas e esclarecimentos serão prestados ao delegado no dia do depoimento.
Confira a nota na íntegra:
“A defesa do motorista envolvido no acidente ocorrido nesta sexta-feira (4), na RSC-453, em Imigrante (RS), informa que ele tem total interesse em colaborar com as investigações.
Conforme elementos preliminares apurados, a tragédia teria sido causada por uma falha mecânica no sistema de freios do ônibus universitário, circunstância que fugiu ao controle do condutor.
Acreditamos na seriedade e na competência das autoridades responsáveis pela apuração dos fatos, e temos plena confiança de que, ao final do inquérito, restará demonstrado que o motorista agiu da única forma possível diante da situação emergencial. Segundo relatos de passageiros, ele chegou a orientar que todos utilizassem o cinto de segurança instantes antes da saída de pista — atitude que contribuiu para a redução dos ferimentos e evitou um desfecho ainda mais trágico.
De acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde, mesmo ferido, o motorista solicitou apenas um curativo compressivo para que pudesse prestar auxílio aos demais envolvidos no acidente. Ele confirma esse relato e, embora tenha recebido alta hospitalar, encontra-se profundamente abalado emocionalmente.
Por fim, expressamos nossa solidariedade às vítimas, seus familiares e a toda a comunidade afetada por esse lamentável episódio.
FILIPE TRELLES, MARCELA WEILER, GIUSEPPE MARAGALHONI”