“Fiz o que pude pelas pessoas, do resgate até o amparo nos abrigos”

ABRE ASPAS

“Fiz o que pude pelas pessoas, do resgate até o amparo nos abrigos”

A enchente que atingiu Cruzeiro do Sul deixou um rastro de destruição e exigiu grande esforço humanitário para acolher os atingidos. No momento mais crítico, a cidade chegou a ter 11 abrigos e 570 pessoas desabrigadas. Hoje, os eles foram realocados em módulos habitacionais. Coordenando essa estrutura está Mara Fraga, 49, natural de General Câmara, é técnica de enfermagem. Voluntária da Cruz Vermelha, ela se dedicou ao resgate e ao amparo das famílias afetadas

“Fiz o que pude pelas pessoas, do resgate até o amparo nos abrigos”
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Como você chegou a Cruzeiro do Sul e passou a atuar nos abrigos?

Antes da enchente, eu era cuidadora de idosos. No dia 3 de maio, data do meu aniversário, eu estava ao lado do Alto do Parque em Lajeado e via as aeronaves chegando com pessoas resgatadas. Como voluntária da Cruz Vermelha, senti que precisava ajudar. No dia 27 de maio, cheguei a Cruzeiro do Sul e comecei a atuar nos resgates, junto à Força Aérea Brasileira, no primeiro atendimento das vítimas. Com o tempo, integrei a equipe da Assistência Social do município e passei a coordenar os abrigos.

Como foi a rotina nos abrigos e o papel dos voluntários?

Os voluntários foram fundamentais. Muitas pessoas chegaram precisando de apoio físico e emocional. Trabalhamos para garantir que todos tivessem acolhimento e segurança. A permanência nos abrigos foi longa, passados três ou quatro meses, ainda havia um grande número de desabrigados. Criamos estruturas em ginásios, escolas e CTGs, sempre priorizando espaços seguros.

Qual é a situação hoje?

Atualmente, temos 30 módulos habitacionais no Novo Passo de Estrela, onde vivem 66 pessoas, e 28 no bairro XV de Novembro, com 64 pessoas. Seguimos auxiliando todos na organização e no atendimento social com o apoio importante ainda da Cruz Vermelha de Caxias do Sul, Rotary Club e Aliança Evangélica.

Como foi o apoio externo nesse processo?

Recebemos profissionais de fora e muitos voluntários para atuar nos CRAS, ajudando no cadastramento e suporte às famílias. Mas também tivemos um trabalho gigantesco de voluntários anônimos, vindos de várias cidades, que se dedicaram ao próximo. Em nome da gestão passada e da atual, agradeço a todos que ajudaram. Somos um só povo, e o que importa é fazer o bem sem olhar a quem. Hoje, posso dizer que me tornei cruzeirense. A cidade me acolheu, e eu acolhi essa cidade.

Depois destes episódios, qual a lição que fica?
A frase que sempre dizíamos em meio a crise: Ninguém solta a mão de ninguém. Temos que trabalhar juntos e unidos. Cada profissional puxa o outro quando se está na linha de frente.

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