Como você chegou a Cruzeiro do Sul e passou a atuar nos abrigos?
Antes da enchente, eu era cuidadora de idosos. No dia 3 de maio, data do meu aniversário, eu estava ao lado do Alto do Parque em Lajeado e via as aeronaves chegando com pessoas resgatadas. Como voluntária da Cruz Vermelha, senti que precisava ajudar. No dia 27 de maio, cheguei a Cruzeiro do Sul e comecei a atuar nos resgates, junto à Força Aérea Brasileira, no primeiro atendimento das vítimas. Com o tempo, integrei a equipe da Assistência Social do município e passei a coordenar os abrigos.
Como foi a rotina nos abrigos e o papel dos voluntários?
Os voluntários foram fundamentais. Muitas pessoas chegaram precisando de apoio físico e emocional. Trabalhamos para garantir que todos tivessem acolhimento e segurança. A permanência nos abrigos foi longa, passados três ou quatro meses, ainda havia um grande número de desabrigados. Criamos estruturas em ginásios, escolas e CTGs, sempre priorizando espaços seguros.
Qual é a situação hoje?
Atualmente, temos 30 módulos habitacionais no Novo Passo de Estrela, onde vivem 66 pessoas, e 28 no bairro XV de Novembro, com 64 pessoas. Seguimos auxiliando todos na organização e no atendimento social com o apoio importante ainda da Cruz Vermelha de Caxias do Sul, Rotary Club e Aliança Evangélica.
Como foi o apoio externo nesse processo?
Recebemos profissionais de fora e muitos voluntários para atuar nos CRAS, ajudando no cadastramento e suporte às famílias. Mas também tivemos um trabalho gigantesco de voluntários anônimos, vindos de várias cidades, que se dedicaram ao próximo. Em nome da gestão passada e da atual, agradeço a todos que ajudaram. Somos um só povo, e o que importa é fazer o bem sem olhar a quem. Hoje, posso dizer que me tornei cruzeirense. A cidade me acolheu, e eu acolhi essa cidade.