A Hora – O Cristo Protetor é a maior estátua sacra do Brasil e já está sendo chamado de ‘novo cartão-postal gaúcho’. O que esse monumento representa para a identidade e a projeção do Rio Grande do Sul?
Eduardo Leite – O Cristo Protetor de Encantado é mais do que um monumento imponente. É um símbolo poderoso da fé, da união e da resiliência do povo gaúcho. A estátua se consolida como um novo cartão-postal do Rio Grande do Sul e uma referência nacional do turismo religioso. Mais do que sua grandiosidade arquitetônica, o Cristo Protetor representa um abraço aberto para todos que visitam o nosso Estado, um sinal de acolhimento e esperança. E essa simbologia ganha ainda mais força em um momento em que estamos trabalhando intensamente para reconstruir o Rio Grande do Sul após os desafios recentes, como a enchente histórica de 2024. O monumento de Encantado reafirma a capacidade do nosso povo de superar adversidades, se reerguer e seguir em frente com determinação e fé.
A obra foi financiada sem recursos públicos, mas o governo do Estado apoiou com infraestrutura, como a pavimentação da estrada de acesso. Há planos para ampliar esse apoio, seja em segurança, estradas e logística?
Leite – O Cristo Protetor foi construído como deve ser um monumento religioso, sem recursos públicos. No entanto, o governo do Estado reconheceu desde o início a admirável mobilização da comunidade e o impacto positivo que essa obra teria para a região e, por isso, investiu na melhoria da infraestrutura de acessos. Por meio do programa Pavimenta, destinamos R$ 4 milhões para a pavimentação da estrada que leva até o monumento, garantindo um acesso seguro e confortável para turistas e moradores.
Foram 5,6 quilômetros de asfalto, além da implementação de sinalização e drenagem para garantir a durabilidade da via. Essa obra não beneficia apenas quem visita o Cristo Protetor, mas também fortalece a mobilidade regional. A pavimentação beneficia moradores de Encantado que trafegam na Estrada Vicinal, que conecta as comunidades da Sede a Linha Garibaldi e Linha Argola, até o município de Capitão e ajuda a viabilizar novos investimentos privados na região. Além disso, seguimos avaliando novas formas de apoio, seja por meio de reforço na segurança, ampliação da infraestrutura turística ou ações de promoção do destino Encantado dentro das nossas estratégias de turismo.
Além do turismo religioso, como o senhor enxerga o potencial do Cristo Protetor para movimentar setores como comércio, hotelaria e o empreendedorismo no Vale do Taquari?
Leite – A presença do Cristo Protetor transforma Encantado e todo o Vale do Taquari em um polo turístico, com impactos diretos e indiretos na economia local. O aumento do fluxo de visitantes traz reflexos positivos para setores como comércio, hotelaria, gastronomia e serviços, além de impulsionar o empreendedorismo e gerar novas oportunidades de trabalho. Com mais turistas chegando, há uma demanda crescente por pousadas, restaurantes, lojas de artesanato, transporte e infraestrutura de lazer.
Pequenos negócios poderão se desenvolver em torno desse novo atrativo, criando um ciclo virtuoso de crescimento e fortalecimento econômico para toda a região. Além disso, o turismo religioso já é um segmento consolidado no Estado, com destaque para o sítio histórico das Ruínas de São Miguel das Missões, um patrimônio cultural reconhecido internacionalmente. O Cristo Protetor surge como mais uma peça importante nesse cenário, ajudando a diversificar e expandir a oferta turística gaúcha, com potencial de integrar roteiros que conectem diferentes regiões.
Após as enchentes , o Cristo surge como um símbolo de resiliência. De que forma o Estado pode articular essa obra para fortalecer a reconstrução e a imagem da região?
Leite – Após as enchentes que afetaram mais de 95% das cidades gaúchas, estamos reconstruindo o Rio Grande do Sul com muito trabalho e resiliência. E um dos pilares do Plano Rio Grande, que estruturamos para essa retomada, é justamente a Campanha Nacional de Turismo, que tem como objetivo mostrar ao Brasil que o nosso Estado está de pé, reerguido e pronto para receber a todos. O Cristo Protetor, com seus braços abertos para o Vale do Taquari, é a materialização dessa mensagem de resiliência.
Ele representa a fé e a esperança do povo gaúcho. A hospitalidade e a capacidade de superação que sempre marcaram a nossa história. Estamos integrando esse monumento às nossas estratégias de divulgação turística, para que ele seja um vetor de crescimento e de retomada para a região. A ideia é estimular um fluxo contínuo de visitantes, para ajudar na economia e consolidar Encantado como referência no turismo religioso e cultural do país.
O monumento pode colocar o RS em roteiros globais de turismo religioso, assim como o Cristo Redentor faz pelo Rio de Janeiro? Há diálogos com o Ministério do Turismo ou entidades internacionais para promover essa conexão?
Leite – Acredito que há um potencial extraordinário para colocar o Rio Grande do Sul no mapa do turismo religioso mundial. Assim como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, se tornou um ícone global, Encantado agora tem uma atração para atrair visitantes do Brasil e do exterior. Já estamos trabalhando para fortalecer essa projeção, em parceria com o Ministério do Turismo e outras entidades do setor, a fim de incluir o Cristo Protetor em roteiros turísticos nacionais e internacionais. Além disso, a promoção desse destino se conecta a uma estratégia mais ampla de valorização do turismo religioso gaúcho.