Maior socialização, foco na aprendizagem e não dependência das tecnologias são objetivos da proibição do uso de celulares nas escolas. Na região, desde a implementação da lei federal que restringe esse uso, em janeiro deste ano, profissionais destacam alguns desafios, mas afirmam que a comunicação com os alunos têm sido eficiente, assim como os benefícios.
A medida estabelece que os celulares devem ser restringidos durante as aulas, recreios e intervalos, com exceção de usos pedagógicos autorizados e situações de acessibilidade, saúde ou segurança. A proposta não é apenas proibir, mas incentivar um uso mais consciente e equilibrado da tecnologia.
Na rede municipal de ensino de Lajeado, essa mediação já fazia parte da rotina escolar, conforme explica a secretária de educação, Adriana Vettorello.
“A gente, enquanto escola, vem enfrentando muitos desafios contemporâneos. A escola precisa equilibrar o que permanece do passado com as mudanças que vivemos hoje. E isso passa por repensar o uso do celular”, afirma.
Segundo a secretária, as regras sobre o uso dos aparelhos na rede municipal já existiam, construídas em diálogo com alunos, professores e famílias. “Não adianta impor uma regra sem que os estudantes entendam o porquê dela. Quando a gente constrói juntos, há mais significado”, diz.
Adriana entende que, com a nova legislação, essa prática ganha respaldo legal e convida a comunidade escolar a refletir de forma mais profunda sobre os impactos das telas no cotidiano das crianças e adolescentes.
Ela aponta que o controle do uso de telas não é uma deve ser uma realidade apenas da escola, mas também das famílias. “É comum ver uma criança num restaurante ou lanchonete com o celular na mão para se acalmar. Isso precisa ser discutido também em casa”. Para ela, a nova legislação serve como oportunidade para ampliar a discussão sobre o papel da tecnologia na infância e adolescência.
Educação além da proibição
Orientador educacional do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), Victor Krüger reforça que a escola já vinha promovendo discussões sobre o tema, e destaca mudanças já percebidas. “O recreio está mais barulhento, as crianças brincam mais, conversam mais”, relata. Para ele, esse é um dos primeiros efeitos da medida.
Krüger afirma que a tecnologia traz inúmeros benefícios e não é a vilã. O problema está no uso inadequado. “O celular pode ser uma ferramenta potente, mas a gente precisa ensinar quando e como usar”.
Ele destaca, por exemplo, os benefícios da tecnologia para trabalhos de pesquisa, entre outras atividades educacionais. O limite e o conteúdo acessado, no entanto, é o que ele considera que precisa de mais atenção.
O profissional afirma haver na escola um movimento para poder discutir e olhar o uso do celular de uma forma apropriada e adequada dentre e fora da sala de aula.
O que diz a Lei
– O uso de celulares é restrito durante as aulas, recreios e intervalos, com exceções para uso pedagógico autorizado e situações de saúde, segurança e acessibilidade.
– Cada rede e escola pode definir estratégias específicas de implementação, respeitando a legislação, mas adaptando-a à sua realidade.
– O MEC oferece cursos para professores sobre uso responsável da tecnologia. Novos conteúdos serão lançados ao longo do ano.
– O governo federal também disponibiliza materiais e webinários para orientar os pais sobre como contribuir com a aplicação da lei.
– A própria escola e rede de ensino são responsáveis por fiscalizar o cumprimento da norma. Não há penalizações universais impostas pelo governo.