Mão de obra, educação e uma nova cultura comportamental

Opinião

Ivanor Dannebrock

Ivanor Dannebrock

Gestor Educacional e Integrante da Equipe Dale Carnegie

Mão de obra, educação e uma nova cultura comportamental

Nos últimos meses estou coletando dados e impressões de estabelecimentos comerciais, em variadas áreas de atuação. Existem empresas onde percebemos um cuidado com o atendimento, um zelo com o cliente logo percebido ao adentrar na casa. Mas não se enganem, são poucos espaços onde todos possuem esse preparo. Em boa parte os negócios estão mal aparelhados, com profissionais desqualificados, empregados que acreditam que estão prestando um grande favor em atender (mal) o cliente. Já fui atendido por um vendedor mais preocupado em responder o whats do que me dar atenção. Em outro local tive que solicitar para alguém me atender, todos despreocupados com o faturamento da loja. No terceiro exemplo, esperei 25 minutos para alguém me atender, enquanto li o jornal e atendi clientes virtualmente, porém sai do espaço sem ser atendido.

Placas de vagas em aberto na maioria dos locais, e é sabido que existe escassez de mão de obra em todos os setores, e até por isso a possibilidade de incentivar ainda mais a imigração em nossa região é debatida como uma alternativa parcial. A cultura do trabalho mudou radicalmente, em especial com a chegada da geração Z ao mercado. Crescidos em meio a instantaneidade da tecnologia, com respostas imediatas aos seus questionamentos, aliado à falta de limites por parte de uma parcela significativa de pais despreparados para educar filhos independentes e autônomos, chegam nas empresas e não se submetem à hierarquia e pensam que podem ascender a cargos de chefia em poucos dias ou semanas.

Para exemplificar a falta de preparo de uma parcela de pais com a educação dos filhos no que diz respeito aos limites e à coerência dos seus atos, lembro de um fato que ocorreu numa escola onde estive Diretor, onde os pais vieram conhecer a estrutura física do educandário, bem como a proposta pedagógica, acompanhados de seu filho de 4 anos (que não fazia a mínima ideia do significado da palavra limite). Parte da nossa equipe atendeu o casal, entre as birras e caprichos do filho, explicamos a proposta pedagógica, o método de ensino, a escola era a mais conceituada na região e faz até hoje um trabalho excelente, mostramos o prédio e os setores. Depois de mais de uma hora de explanações e respostas aos questionamentos, os pais perguntaram para seu filho de 4 anos: “Fulaninho, você gostou da escola? – Não, não gostei. – Está bem querido, papai e mamãe irão procurar outra escola.”

É a geração desse menino mimado e sem limite algum que agora chegou no mercado de trabalho, fruto da educação de uma parcela de pais desorientados que acreditaram que dando absolutamente tudo que o filho deseja, fosse a melhor solução. Eis o resultado!

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