Ponte da 130 quase pronta. Tráfego será liberado sexta

PRAZO NO FIM

Ponte da 130 quase pronta. Tráfego será liberado sexta

Trabalhos finais devem seguir no fim de semana, com conclusão do asfalto no aterro do lado de Lajeado. EGR confirma data para passagem dos primeiros veículos. Ato terá presença do governador Eduardo Leite

Ponte da 130 quase pronta. Tráfego será liberado sexta
Últimas etapas: empresas aceleram trabalhos. EGR garante liberação na próxima semana. (Foto: Felipe Neitzke)
Vale do Taquari

O dia mais esperado do ano pela comunidade regional chega sem a entrega da ponte da ERS-130. Mas com uma data confirmada pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) para liberação do tráfego de veículos na nova estrutura. A tarde da próxima sexta-feira, 4, vai simbolizar a reconexão definitiva do Vale do Taquari, quase um ano após a catástrofe climática de maio de 2024.

Depois de um rápido processo para definição da empresa responsável, desconfianças de líderes regionais, imprevistos climáticos no começo da obra e um prazo inicial frustrado, os trabalhos às margens do Rio Forqueta avançaram de forma significativa desde o fim do ano passado. Agora, a estrutura está quase pronta, com alguns detalhes ainda a serem resolvidos.

Os trabalhos nessa semana ocorreram em três frentes. Do lado de Arroio do Meio, o aterro que dá acesso à ponte foi concluído. No lado de Lajeado, a Construtora Giovanella avançou na obra do aterro. Enquanto isso, equipes da Engedal concluiram na noite dessa sexta-feira, 28, o lançamento das lajes pré-moldadas.

A expectativa é de que, num primeiro momento, sejam liberados apenas veículos leves na ponte da 130. O governador Eduardo Leite participará do ato de inauguração, possivelmente nas primeiras horas da tarde. Já o fluxo de veículos pesados deve ser permitido nos dias seguintes, ainda sem uma data definida.

O aterro de Lajeado terá a colocação do asfalto neste sábado, segundo o engenheiro da Giovanella, Cristiano Kirst. “Estamos chegando no ponto final da obra. Hoje terminamos a etapa da base, e amanhã fazemos o revestimento. Entre domingo, segunda e terça-feira fazemos o último pedaço, que vamos deixar para a Engedal terminar a parte da cabeceira”, frisa.

Entrega da nova travessia ocorrerá 11 meses após enchente do Forqueta levar antiga estrutura. (Foto: arquivo A Hora

Impacto econômico e expectativas

A expectativa dos empresários para a entrega da nova ponte cresce à medida que as obras avançam. A reconexão é considerada fundamental entre os empresários, que há 11 meses sofrem com os impactos econômicos e logísticos. O empresário Márcio Majolo, dono de uma marcenaria situada a 200 metros da ponte antiga e da nova construção, acompanhou de perto cada etapa da obra.

Para Majolo, a falta da estrutura causou grandes transtornos. Seus principais clientes e fornecedores estão em Lajeado, incluindo fábricas de portas e compensados. Antes, o trajeto levava três minutos; agora, pode chegar a uma hora e meia. “Tivemos um prejuízo de R$ 500 por semana. Não vejo a hora de essa ponte ficar pronta”, desabafa.

Além das dificuldades logísticas, cita foi atingido pela enchente de setembro, tanto na empresa quanto em sua residência. Ele havia transferido a marcenaria do centro da cidade para Barra da Forqueta, mas mesmo assim sofreu os impactos da cheia. “O futuro da empresa e da cidade depende dessa ponte. A comunidade aguarda ansiosa pela liberação”, afirma.

Outro empresário afetado é Altair Hammes, proprietário de uma empresa de instalação e manutenção de ar-condicionado para caminhões e ônibus, localizada às margens da ERS-130, em Barra da Forqueta.

Após a enchente, a queda no movimento foi drástica. “A falta de trânsito na rodovia e os desvios alternativos causaram uma redução de 80% no serviço logo após a enchente”, relata. Para minimizar os prejuízos, Hammes firmou uma parceria com uma empresa de Lajeado, permitindo a continuidade dos atendimentos.

Agora, ele aguarda a liberação da ponte para que o fluxo de veículos e clientes seja retomado. “A rodovia ficou sem movimento por muito tempo. Espero que o trânsito seja restabelecido logo e que possamos voltar à normalidade”, conclui.

“Segunda mais importante”

Diretor da Fetransul e empresário, Diego Tomasi lembra que, para além da reconexão do Vale, a nova ponte também representa a retomada da ligação com a região Norte do RS, sobretudo cidades como Serafina Corrêa, Casca e Marau. Por isso, entende que o transporte de cargas é o mais beneficiado com a estrutura que está prestes a ser inaugurada.

“Eu diria que é a segunda ponte mais importante da nossa região. Então, essa conexão é relevante em termos de logística e transporte de cargas. Tem dois fatores determinantes, que eram o tempo de demora de viagem e o aumento da quilometragem. Isso nos prejudicou muito. As transportadoras estavam evitando ao máximo essa rota, e isso gerou um desaquecimento na nossa economia”, frisa.

A retomada da normalidade logística e a reconexão com outras regiões do RS também são destacadas pela presidente do Codevat, Cintia Agostini. Para ela, a obra é fundamental para o Vale dar um passo a mais na retomada econômica, somando-se às obras na BR-386 para deixar a infraestrutura rodoviária mais adequada à realidade regional.

“Estamos falando não apenas do Vale, mas de parte do Estado, que circula por essa rodovia, e que teve sua vida precarizada. Então a gente fala de logística, de mobilidade, trafegabilidade, mas também da vida das pessoas, que estão há um ano nesse prejuízo dos deslocamentos e tiveram suas dinâmicas de vida e de trabalho alteradas”, pontua.

Quebra-galhos

O presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Vale do Taquari (CIC-VT), Angelo Fontana, reforça a importância da nova ponte, sobretudo por recuperar uma ligação que é considerada a principal entre Lajeado e Arroio do Meio, numa rodovia com importância não apenas para a região, mas também para o Estado.

“Qualquer alternativa que não seja a infraestrutura mais adequada sempre é algo complicado. Hoje, temos quebra-galhos, como a ponte do Exército, a estiva e a ERS-129. Mas não são como a estrada principal. Apesar de toda a demora que levou, entendemos que foi procurado fazer o melhor possível e agora a obra avançou”, frisa.

Em meio a esse processo, Fontana atenta para a importância da região manter a mobilização nas discussões referentes a concessão das rodovias do bloco 2, da qual a ERS-130 faz parte. “Temos quase certeza que o levantamento apresentado pelo Estado [do volume de tráfego] não condiz com a realidade. O movimento deve ser ser medido quando se tem um ir e vir tranquilo na região”.

Da queda à nova estrutura

  • 2 DE MAIO
    Enchente atinge o ápice no Rio Forqueta. Ponte da ERS-130 é levada pela força das águas. No mesmo dia, a histórica Ponte de Ferro também não resistiu, bem como a travessia entre Marques de Souza e Travesseiro;
  • 20 DE MAIO
    EGR publica edital de licitação para contratação de empresa responsável para a construção da nova ponte. Resultado foi homologado 11 dias depois e, no começo de junho, contrato com a Engedal foi assinado;
  • 5 DE JUNHO
    Com a assinatura da ordem de início dos trabalhos, empresa contratada começa os levantamentos topográficos e hidrológicos do local. As sondagens de solo iniciaram também naquele mês e foram concluídas somente em agosto;
  • 16 DE JULHO
    EGR e Engedal começam a montagem do parque fabril e do canteiro de obras, que foram instalados do lado de Lajeado. Espaço foi concluído no fim de agosto;
  • 24 DE SETEMBRO
    Começa o trabalho de instalação das fundações e estacas cravadas, considerada uma das partes mais complexas da obra. Etapa segue até o fim de outubro;
  • 28 DE NOVEMBRO
    Em meio às críticas de líderes regionais e de um iminente protesto, EGR confirma adiamento do prazo para inauguração da ponte, previsto inicialmente para o Natal de 2024. Nova data é 29 de março de 2025;
  • 6 DE DEZEMBRO
    Começa a construção dos pilares da futura ponte. Conclusão ocorre quase dois meses depois e dá forma à travessia entre as duas cidades;
  • 21 DE JANEIRO
    Engedal conclui a concretagem das vigas, que havia iniciado em novembro. Já o aterro do lado de Arroio do Meio começa a tomar forma;
  • 5 DE MARÇO
    Uma semana depois do previsto, EGR começa o lançamento das vigas. Trabalhos seguem até a segunda quinzena do mês. Já no dia 17, inicia o içamento das lajes pré-moldadas, feito por uma empresa terceirizada;
  • 25 DE MARÇO
    A quatro dias do fim do prazo para conclusão da obra, EGR afirma que entrega da ponte ocorrerá entre os dias 4 e 5 de abril, mas garante que estrutura fica pronta no dia 29. Data de inauguração foi confirmada três dias depois: na tarde do dia 4, com a presença do governador Eduardo Leite.

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